A entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está "praticamente fora da agenda", afirmou o chanceler alemão, Olaf Scholz, em coletiva de imprensa em Kiev ao lado do presidente ucraniano Volodimir Zelenski nesta segunda-feira (14).
Scholz teve uma reunião de duas horas com o presidente ucraniano e prometeu "sanções muito abrangentes e eficazes" contra Moscou no caso de uma invasão militar. Rússia e Alemanha são parceiras no gasoduto Nord Stream 2 e o futuro do projeto é uma das peças na atual disputa geopolítica na Europa.
"A questão da adesão à aliança é praticamente não existente, e portanto é, de alguma forma, peculiar o governo russo estar fazendo algo que praticamente não está na agenda se tornar objeto de grandes problemas políticos", disse Scholz.
Zelenski, por sua vez, também minimizou as chances de Kiev entrar na Otan. O presidente afirmou que participar da Otan é um "sonho", mas não um "objetivo absoluto" e uma demanda que não parte da Ucrânia.
A entrada da Ucrânia na Otan, o que significaria a expansão da organização até uma fronteira russa, é um dos pontos que Moscou lista como problemáticos nas conversas com os EUA e europeus.
Na terça-feira (15), Scholz viaja para Moscou e deve se encontrar com o presidente Vladimir Putin. Na quarta-feira (16), o líder russo encontrará o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL).
Moscou questiona suposta data de invasão
A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, sugeriu nesta segunda que a agência Bloomberg esclarecesse a previsão sobre o "ataque" da Rússia à Ucrânia.
"Todos nos lembramos que a agência americana Bloomberg publicou uma informação de que em 15 de fevereiro 'a Rússia atacará a Ucrânia'. Este 'meio de desinformação em massa' não quer esclarecer a previsão?", escreveu Zakharova em seu canal do Telegram.
Segundo ela, "faltam algumas horas para o arrependimento antes que a Bloomberg se transforme em abóbora, e aqueles que a usaram para promover a guerra se transformarem em ratos".
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia observou anteriormente que as declarações ocidentais sobre "agressão russa" e a possibilidade de os EUA ajudarem Kiev a se defender contra isso são risíveis e perigosas. O secretário de imprensa do presidente Putin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia está movendo tropas dentro de seu território e a seu critério. Segundo ele, isso não ameaça ninguém e não deve preocupar ninguém.
*com a colaboração de Serguei Monin
Edição: Arturo Hartmann