NA MIRA

EUA pedem extradição de ex-presidente de Honduras, acusado de corrupção e narcotráfico

Juan Orlando Hernández, ex-aliado da Casa Branca, teve seu visto suspenso e pode ser sentenciado em Washington

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández - Eduardo Muñoz / AFP

Os Estados Unidos solicitaram a extradição do ex-presidente Juan Orlando Hernández para julgá-lo por crimes de corrupção, tráfico de drogas, associação ilícita e uso de armas. O ex-mandatário afirmou nesta terça-feira (15) que irá apresentar-se voluntariamente às autoridades judiciais hondurenhas. 

A Corte Suprema de Justiça de Honduras designou, nesta terça-feira (15), o magistrado Edwin Ortez para acompanhar o caso e analisar o pedido de Washington. Segundo a nota diplomática enviada pela embaixada estadunidense em Tegucigalpa ao Ministério de Relações Exteriores de Honduras, Hernández foi mencionado mais de 100 vezes em depoimentos de narcotraficantes capturados pelas forças de segurança dos EUA. 

Desde a madrugada da última segunda-feira (14), a casa do ex-mandatário está cercada de policiais e militantes do partido governante Liberdade e Refundação (Libre) se manifestam a favor da extradição.

Em março do ano passado, o irmão de JOH, Juan Antonio Hernández, foi sentenciado a 30 anos de prisão por ser considerado responsável pelo envio de 150 toneladas de cocaína de Honduras aos Estados Unidos. Segundo a acusação, o ex-deputado Juan Antonio Hernández seria sócio de Geovanny Fuentes, um dos líderes do cartel de drogas hondurenho Los Cachiros.

Outro líder da facção de narcotraficantes que foi detido nos EUA, Devis Leonel Rivera Maradiaga, declarou às autoridades que o grupo teria financiado a campanha de Juan Orlando Hernández à presidência de Honduras. 


Manifestantes hondurenhos exigem extradição e julgamento de Juan Orlando Hernández, acusando-o de narcotraficante e ditador / Orlando Sierra /AFP

Juan Orlando Hernández foi presidente de Honduras por dois mandatos pelo Partido Nacional, entre 2014 e janeiro de 2022, quando passou o cargo à Xiomara Castro. 

Advogado, vinculado à Opus Dei, Hernández foi um dos apoiadores do golpe de Estado contra Manuel Zelaya em 2009. Após assumir a presidência, conseguiu aprovar a possibilidade de reeleição presidencial, sendo eleito novamente em 2017, num processo considerado fraudulento por diversos partidos de oposição e organizações de direitos humanos.

Diante de protestos que contestavam o resultado das eleições, JOH declarou estado de emergência e autorizou o Exército a ocupar as ruas do país. Na época, 30 pessoas morreram e cerca de 800 foram presas. Tanto a Organização das Nações Unidas (ONU) como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) reconheceram que houve casos de tortura e abuso policial contra os manifestantes.

* Atualizada no dia 15/02/22 às 16h28 

Edição: Thales Schmidt