O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández (JOH), foi preso nesta terça-feira (15), na sua casa, em Tegucigalpa, acusado de corrupção, narcotráfico, associação ilícita e uso de armas. JOH está detido de maneira preventiva, após a Corte Suprema designar o magistrado Edwin Ortez para analisar o pedido de extradição dos Estados Unidos.
A detenção foi realizada pela polícia nacional de Honduras, agentes do Departamento Antidrogas dos EUA (DEA) e acompanhada pelo secretário de segurança, Ramón Sabillón, para "assegurar todas as garantias" e realizar a leitura da ordem de captura. Na próxima quarta-feira (16) será realizada a primeira audiência do caso.
Segundo a nota diplomática enviada pela embaixada estadunidense em Tegucigalpa ao Ministério de Relações Exteriores de Honduras, Hernández foi mencionado mais de 100 vezes em depoimentos de narcotraficantes capturados pelas forças de segurança dos EUA. Ainda afirmam que JOH e seus familiares estão relacionados com líderes do grupo narcotraficante Los Cachiros, responsáveis pelo envio de mais de 150 toneladas de cocaína aos EUA entre 2014 e 2021.
Momento en el que arrestan al expresidente Juan Orlando Hernández. pic.twitter.com/D5vZ5LVPLI
— Gilda Silvestrucci (@GildateleSUR) February 15, 2022
O Conselho Nacional Anticorrupção de Honduras pede que as autoridades do país tomem "medidas legais" contra a família do ex-mandatário, acusando-os de desviar cerca de US$ 81,6 milhões (cerca de R$ 448 milhões) em "projetos que nunca foram executados".
Em março de 2021, o irmão de JOH, Juan Antonio Hernández, ex-deputado pelo Partido Nacional, foi sentenciado a 30 anos de prisão por ser considerado responsável pelo envio de 150 toneladas de cocaína de Honduras aos Estados Unidos.
Quem é JOH?
Juan Orlando Hernández foi presidente de Honduras por dois mandatos pelo Partido Nacional, entre 2014 e janeiro de 2022, quando passou o cargo à Xiomara Castro.
Advogado, vinculado à Opus Dei, Hernández foi um dos apoiadores do golpe de Estado contra Manuel Zelaya em 2009. Após assumir a presidência, conseguiu aprovar a possibilidade de reeleição presidencial, sendo novamente eleito em 2017, num processo considerado fraudulento por diversos partidos de oposição e organizações de direitos humanos.
Diante de protestos que contestavam o resultado das eleições, JOH declarou estado de emergência e autorizou o Exército a ocupar as ruas do país. Na época, 30 pessoas morreram e cerca de 800 foram presas. Tanto a Organização das Nações Unidas (ONU) como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) reconheceram que houve casos de tortura e abuso policial contra os manifestantes.
Edição: Arturo Hartmann