A Corte Suprema de Honduras decidiu manter o ex-presidente Juan Orlando Hernández (JOH), preso de maneira preventiva até a realização da próxima audiência que discutirá o pedido de extradição aos Estados Unidos. Durante a primeira audiência, realizada na última quarta-feira (16), foram lidas as acusações da justiça estadunidense e determinada a realização da segunda audiência no dia 16 de março.
Uma equipe de 12 advogados compõem a defesa do ex-mandatário. A extradição foi solicitada em carta enviada pela embaixada dos EUA ao Ministério de Relações Exteriores. A corte do distrito sul de Nova York acusa Hernández de corrupção, narcotráfico, associação ilícita e uso de armas.
Em março de 2021, o irmão do ex-mandatário, Juan Antonio Hernández, ex-deputado pelo Partido Nacional, foi sentenciado a 30 anos de prisão por ser considerado responsável pelo envio de 150 toneladas de cocaína de Honduras aos Estados Unidos.
Durante seu primeiro mandato, JOH nomeou cinco novos magistrados para a Corte Suprema de Justiça, o que garantiu aprovar a possibilidade de reeleição para a presidência e abriu o caminho para seu segundo mandato.
Segundo revelam meios de comunicação locais, o juiz Edwin Ortez, designado para cuidar do caso, teria afinidade política com o Partido Nacional, legenda do ex-mandatário. Na primeira audiência, o juiz Ortez determinou o desbloqueio dos bens de Juan Orlando Hernández e sua família por "falta de justificativas legais".
A detenção provisória de um mês é o tempo máximo estabelecido quando trata-se de um processo de extradição. O ex-presidente permanecerá detido no Centro de Operações Especiais (Cobra), em Tegucigalpa. Caso Hernández tenha processos judiciais abertos em Honduras, a extradição não poderá ser realizada até que seja finalizado o julgamento em território nacional.
Quem é JOH?
Juan Orlando Hernández foi presidente de Honduras por dois mandatos pelo Partido Nacional, entre 2014 e janeiro de 2022, quando passou o cargo à Xiomara Castro.
Advogado, vinculado à Opus Dei, Hernández foi um dos apoiadores do golpe de Estado contra Manuel Zelaya em 2009. Após assumir a presidência, conseguiu aprovar a possibilidade de reeleição presidencial, sendo novamente eleito em 2017, num processo considerado fraudulento por diversos partidos de oposição e organizações de direitos humanos.
Diante de protestos que contestavam o resultado das eleições, JOH declarou estado de emergência e autorizou o Exército a ocupar as ruas do país. Na época, 30 pessoas morreram e cerca de 800 foram presas. Tanto a Organização das Nações Unidas (ONU) como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) reconheceram que houve casos de tortura e abuso policial contra os manifestantes.
Edição: Arturo Hartmann