Os governos da Argentina e Venezuela acordaram investigar o Plano Puma: exercícios militares realizados em 2019 que previam a invasão do território venezuelano. Uma investigação jornalística revelou que durante a gestão de Mauricio Macri o exército argentino realizou exercícios prevendo uma guerra contra a Venezuela.
O atual chefe do Estado Maior, general Juan Martín Paleo, teria comandado o operativo militar entre abril e julho de 2019. O Partido Comunista da Argentina exige a destituição do general após a revelação do Plano Puma.
Entre os documentos divulgados encontra-se um mapa da Venezuela com posições militares. O objetivo era treinar um batalhão de ação rápida que estaria à disposição do Comando Sul dos Estados Unidos para invadir a Venezuela, integrando uma força multinacional de ocupação.
Os primeiros exercícios, em abril de 2019, aconteceram 15 dias antes da chamada Operação Liberdade – tentativa de tomada de uma base militar no leste de Caracas, coordenada por Juan Guaidó e seu braço-direito, Leopoldo López.
Macri reconhecia Guaidó como autoridade legítima venezuelana e foi um dos mandatários que promoveram a ativação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) contra a Venezuela em 2019, alegando que o país seria uma ameaça regional. O TIAR é um mecanismo criado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para acionar as forças armadas regionais caso ocorra um ataque a algum país membro.
Os ministros de Defesa da Argentina, Jorge Taiana, e da Venezuela, Vladimir Padrino López, reuniram-se para acordar a cooperação entre os dois países na investigação.
"Como membro ativo do Grupo de Lima o governo Macri tinha uma atitude intervencionista em relação à Venezuela", declarou o ministro argentino. Ao assumir a presidência, Alberto Fernández desvinculou a Argentina do grupo, criado para hostilizar o governo venezuelano dentro da OEA.
A Assembleia Nacional venezuelana aprovou um acordo em consenso entre governo e oposição com três pontos: condenar e rechaçar qualquer pretensão de intervenção militar, incentivar investigações para determinar responsabilidades e impor sanções, e fortalecer as leis internas relacionadas à segurança e defesa do território.