Precisa se dedicar muito aos estudos e prestar muita atenção
Dezenas de musicistas, partituras e instrumentos. Todos interpretando a mesma música, no mesmo lugar e ao mesmo tempo. Qual o segredo para que os concertos das orquestras sejam tão precisos, harmoniosos e bonitos?
Para responder a essa pergunta, a edição de hoje (23) do Radinho BdF conversa com crianças que se dedicam a estudar música no Instituto Bacarelli, uma organização social que há 25 anos ensina música clássica e popular de forma gratuita na favela do Heliópolis, uma das maiores de São Paulo. Hoje diversos ex-alunos ocupam lugares de destaque nas principais orquestras do mundo.
“Uma orquestra é um lugar onde várias pessoas tocam diferentes tipos de instrumento”, diz a aluna do Baccarelli Ana Beatriz Alencar, que tem 10 anos. “É um grupo de pessoas que tocam juntas ajudando uma a outras”, disse Bernardo Mello Buenos Aires, de 10 anos. Ambos estudam violino no instituto.
Nesta que é a primeira apuração presencial do Radinho, os ouvintes mirins acompanham um dia de estudos no Instituto Baccarelli, passando por aulas de musicalização, coral e instrumentos, como violino, trompete e percussão. De quebra, é possível curtir um pouco das aulas e dos ensaios da criançada, em uma trilha de descobertas sonoras.
“Eu já vi uma orquestra. Tinha vários instrumentos tocando juntos o maestro guiava os músicos”, disse Rayanne de Oliveira, de 10 anos. “Os músicos sentam no palco e regente fica a frente comandando os músicos para eles tocarem os instrumentos”, disse Felipe Perreira Batista, de 11 anos.
Como as crianças lembraram, as orquestras têm também um maestro, que fica a frente, com uma baqueta nas mãos, fazendo diversos movimentos para reger os músicos. Cada movimento tem um significado e ajuda a sincronizar todas as notas de cada instrumento, para que as músicas tenham harmonia.
E dá até para brincar de maestro! É só recolher um graveto do quintal ou da pracinha e reger sua orquestra feita toda de brinquedos.
Dedicação, a alma da orquestra
Tocar uma sinfonia nota por nota, compasso por compasso não é uma tarefa fácil. A chave do sucesso, no entanto, não é tão distante do que as crianças já fazem no seu dia a dia quando estudam música: “precisa se dedicar muito aos estudos e prestar muita atenção. A orquestra tem vários instrumentos, de diferentes tipos como sopro, percussão e cordas”, disse Gustavo Lima da Silva, de 10 anos aluno de percussão do Baccarelli.
Estes diferentes tipos de instrumentos de uma orquestra são organizados em quatro grupos, chamados naipes: as cordas, com instrumentos como o violão e o violino; as madeiras, como a flauta e o fagote, os metais, como o trompete e a tuba; e a percussão, como o gongo e a xilofone.
Cada naipe possuí um musicista principal, que desempenha o papel de um coordenador. O mais importante deles é o Spalla, o primeiro violino da orquestra, como explica o violinista Paulo Galvão, que é um dos regentes da Orquestra Sinfônica de Heliópolis.
“A orquestra tem também um setor muito importante chamado Arquivo. É fundamental que todos os músicos estejam usando a mesma partitura, da mesma edição, com a s mesmas anotações do maestro. Outro setor importante é a Técnica, que vai fazer a montagem das cadeiras e das estantes. Eles tem uma responsabilidade gigante, porque dependendo de como se monta a orquestra ela pode ter sons muito diferentes”, disse o maestro. “A gente estuda duas horas para tocar um compasso que vai durar três segundos. É o sentido de valorizar as penas coisas.”
Música clássica é coisa de criança
A música clássica, também conhecida como música erudita, pode até ser um pouco diferente do que crianças e adultos estão acostumados a ouvir no rádio ou nos tocadores de música na internet. Mas o Radinho comprova que essas composições estão sim no gosto dos pequenos.
“Tocar um instrumento é um jeito de expressar meus sentimentos”, disse Ana Beatriz. “Precisa se dedicar muito para ter som bem afinado e uma postura bonita”, disse Maria Fernanda de Oliveira, que tem 9 anos e estuda violino no Baccarelli.
Composições clássicas contam histórias inteiras sem usar uma única palavra, o que encanta ouvintes de todas as idades. Muitas crianças em várias partes do Brasil e do mundo se dedicam a estudar esse estilo musical e a tocar em concertos e recitais.
“A música representa para mim muita alegria. Eu fico feliz quando eu toco e quando escuto”, contou Thayla Vitória Santos Costa, de 9 anos.
Tanto é que diversos filmes e desenhos animados usam e abusam da música clássica para sonorizar as cenas, algumas delas inclusive que marcaram a história do cinema.
Grandes maestros e muitas sensações
O que a música te provoca? As notas, os arranjos e os compassos têm a capacidade de emocionar e provocar os sentimentos nos ouvintes. Para reconhecer como as músicas podem ir da alegria a tristeza em poucos minutos, as crianças são convidadas e ouvir grandes concertos e refletir sobre o que sentem com as músicas.
“Lacrimoso”, de Wolfgang Amadeus Mozart e “Ode a Alegria”, de Ludwig van Bethoveen, fazem parte da lista. De quebra, as crianças conhecem mais sobre o trabalho e a biografia destes grandes compositores, que mudaram para sempre a história da música no mundo.
O Radinho dá espaço também para grandes maestros brasileiros. Um deles é Heitor Villa-Lobos, que nasceu no Rio de Janeiro em 1887 e compôs diversas músicas inspiradas na cultura e na natureza do Brasil.
Outro nome de destaque é Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher a reger uma orquestra no país. É ela que ocupa o lugar de personagem principal da história de hoje, narrada pela contadora de histórias Lara Chacon.
Muita música
Em uma edição mais musical que nunca, o Radinho BdF apresenta e relembra composições famosas da música clássica, que muitas vezes fazem parte do nosso dia a dia, incluindo grandes compositores como Antonio Vivaldi e Johann Strauss II.
Além dos clássicos, a criançada curte “Fundo do Mar” interpretada pela Orquestra Sinfônica da Petrobras, e “Festa na Orquestra”, do grupo Do-Re-Mi.
Sintonize
O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.
Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.
Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].
Edição: Camila Salmazio