A participação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, no Flow Podcast, em 6 de agosto de 2021, custou pelo menos R$ 8,3 mil aos cofres públicos. As despesas incluem passagens aéreas de Brasília a São Paulo e diárias de hospedagem pagas pelo governo federal a ele e a um assessor da pasta. A informação foi obtida pelo Brasil de Fato no Portal da Transparência.
O programa foi transmitido ao vivo nos canais do Flow Podcast e teve duração de 2 horas e 35 minutos. O episódio começou por volta das 20h de 6 de agosto, uma sexta-feira. Devido ao horário, Tarcísio e seu assessor dormiram em São Paulo. Para tal, tiveram à disposição diárias de R$ 521,16 e R$ R$ 255,16, respectivamente.
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Em sua agenda oficial, no entanto, Tarcísio não registrou compromissos oficiais ou mesmo despachos internos realizados na data. A participação no podcast está omitida. Foi a única data do mês em que o ministro ficou com a agenda completamente vazia.
No episódio, Tarcísio apresentou suas principais ações no comando do ministério e fez a defesa das políticas adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é próximo. "As pessoas querem criticar sem ter conhecimento", declarou o chefe da Infraestrutura em um dos "cortes" destacados pelo Flow Podcast em um de seus canais no YouTube.
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Nesta quarta-feira (23), o Brasil de Fato enviou um pedido de posicionamento ao Ministério da Infraestrutura sobre a participação do ministro no Flow Podcast. Leia a íntegra da nota:
O ministro Tarcísio Gomes de Freitas, desde o primeiro dia, sempre considerou prioritário o relacionamento com a imprensa, seja através das interações diárias tratadas pela equipe da assessoria de comunicação, ou, especificamente, quanto a solicitações de entrevistas exclusivas. No caso citado, houve ampla divulgação da entrevista, que foi inclusive transmitida ao vivo e com grande audiência. Para o deslocamento, o ministro fez uso de voo comercial acompanhado de um assessor, como de praxe para agendas como esta.
Viagens a SP se intensificaram
O ministro é pré-candidato ao governo de São Paulo com o apoio de Bolsonaro. Tarcísio é a principal aposta da base governista para as eleições estaduais paulistas. Nas próximas semanas, ele deve anunciar sua filiação partidária. A escolha mais provável é o PL, nova sigla do chefe do Executivo e de seu filho, o deputado federal paulista Eduardo Bolsonaro.
O levantamento feito pela reportagem no Portal da Transparência mostra que Tarcísio intensificou as agendas no estado em 2021, ano pré-eleitoral. De acordo com as informações disponíveis no site do governo federal, foram 24 viagens que incluíram visitas ao estado no ano passado. Foi o maior número desde o início do governo Bolsonaro. Em 2019, o ministro viajou 21 vezes às terras paulistas e, em 2020, apenas 11.
Em contato com a reportagem, o Ministério da Infraestrutura argumentou que, segundo levantamento interno, foram apenas 22 viagens que tiveram São Paulo como destino, e não 24. Contudo, não explicou a diferença dos dados disponíveis no Portal da Transparência. A pasta afirmou também que o estado "concentra uma série de agendas importantes", como eventos na Bolsa de Valores e no Porto de Santos.
Leia a íntegra da nota do Minfra
O estado de São Paulo concentra uma série de agendas importantes para o Ministério da Infraestrutura. É lá, por exemplo, onde acontecem todos os leilões promovidos pela pasta com eventos na Bolsa de Valores, no centro da capital. Em 2021, o MInfra realizou um total de 39 certames – alguns deles, em um evento único, como o caso da Infra Week. É lá, onde está o porto de Santos, um dos principais ativos de infraestrutura do Brasil, além de outros que integram as concessões desta gestão como a Dutra e o Aeroporto de Congonhas. São Paulo ainda concentra os principais eventos de mercado e portanto encontros estratégicos com investidores interessados no programa de concessão do MInfra. Por fim, vale destacar que em 2019, foram 21 viagens a São Paulo, somente uma a menos do que em 2021 (segundo levantamento interno - o MInfra contabiliza 22 e não, 24). Em 2020, foram 11 viagens - decorrência de uma redução natural de eventos em razão da pandemia.
Edição: Rodrigo Durão Coelho