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“A Rússia pode aguentar tranquilamente as sanções”, afirma professor da UFABC, assista

Países do Ocidente como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido já anunciaram sanções econômicas contra Putin

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Putin não estaria muito preocupado com o estrago causado por sanções internacionais - AFP

O mundo acordou nesta quinta-feira (24) com o início do conflito bélico entre Rússia e Ucrânia e com os bombardeios do exército russo em território ucraniano. Desde janeiro deste ano, as tensões entre os dois países estão aumentando e, agora, o presidente russo Vladimir Putin levou as ameaças às vias de fato. 

Como reação à ofensiva russa, países do Ocidente como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido já anunciaram algumas sanções econômicas. “Vou começar a impor sanções em resposta, muito além das medidas que nós e nossos aliados e parceiros implementamos em 2014. E se a Rússia for mais longe com essa invasão, estamos preparados para ir além com as sanções", discursou o presidente americano Joe Biden nesta terça-feira (22). 

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Para o professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC Paulista, Giorgio Romano Schutte, entretanto, “as sanções econômicas não são nenhum impedimento” para a Rússia continuar com a ofensiva no território ucraniano. “Não há impedimento de sanções econômicas. Não há impedimento militar. Ele [Putin] está com a faca e o queijo na mão”, disse. 

A Rússia “pode aguentar tranquilamente as sanções. O país tem recursos econômicos, indústria bélica e energética. Esses recursos de poder colocam limites para até onde vão as sanções econômicas. Primeiro, [a Rússia tem] o fundo soberano e as reservas internacionais, é credor, consegue aguentar por um bom tempo. Segundo, tem um déficit econômico interno mínimo. Terceiro, o comércio com a China aumentou muito. As exportações da indústria petrolífera vão para a China, se a Europa não quiser mais”, explica o professor. 

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Inicialmente, as sanções dos Estados Unidos envolvem bloqueio ao acesso a financiamento ocidental, proibição de investimentos nas províncias separatistas na Ucrânia e outras medidas contra a elite russa e seus familiares. “Estamos implementando sanções à dívida soberana da Rússia. Isso significa que cortamos o governo da Rússia do financiamento ocidental”, disse. 

A Alemanha suspendeu a autorização da operação no gasoduto russo Nord Stream 2, que transportaria 55 bilhões de metros cúbicos de gás à Europa, e o Reino Unido, por sua vez, anunciou sanções a cinco bancos e três cidadãos russos. 

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“Os ministros das Relações Exteriores do G7 [composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido] condenam veementemente a violação da Rússia a seus compromissos internacionais. Acordamos um forte pacote de sanções escaladas coordenadas em resposta. Nosso apoio é inabalável à integridade territorial da Ucrânia”, disse a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, nas redes sociais. 

Também nesse cenário de poderio russo, Schutte acredita que não há a “menor condição” de ter tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) – uma aliança militar internacional – na Ucrânia. Da mesma maneira, o professor afirma que é “muito improvável” que a Rússia chegue a invadir um país membro da organização, como é o caso da Polônia, que faz fronteira com a Ucrânia. Nesse sentido, o conflito tende a permanecer nos limites territoriais ucranianos e russos. 

OTAN, Ocidente e a questão energética 

Resumidamente, os principais fatores que levaram até o conflito envolvem o crescimento da influência ocidental e da Otan no território ucraniano. Cristina Soreanu Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que “os interesses russos residem na preservação da segurança geopolítica da Rússia”. 

“Com a eliminação do cordão, a Europa Oriental que separava a Rússia do Ocidente durante a Guerra Fria, os países do leste europeu e bálticos se tornaram países soberanos e foram fazendo suas escolhas. Os EUA aproveitaram para incorporar esses países na Otan, e a Europa na zona europeia, o que promoveu o estrangulamento da Rússia.” 

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É um cenário que se soma à questão energética. Hoje, os principais meios de distribuição de gás natural da Rússia para a Europa passam pela Ucrânia. O país, portanto, tem uma posição estratégica, a qual Putin não quer perder.

A “expansão do Ocidente, da Otan e a questão energética levam a Rússia a uma atitude ofensiva e de tentar empurrar o Ocidente para longe das suas fronteiras”, afirma Pecequilo. Na mesma linha, Giorgio Romano Schutte complementa, ao afirmar que as reivindicações da Rússia devem ser entendidas, mas que o país deve ser rechaçado e condenado.

Edição: Rebeca Cavalcante