O sexto dia de guerra na Ucrânia contou com uma mudança de tom por parte do governo chinês diante do conflito. Um dia após o encontro que tentou produzir, sem sucesso, um acordo entre a Rússia e o país invadido, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse ao chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, que o país estaria disposto a “buscar uma solução pacífica” por meio de tratativas diplomáticas que deem fim aos combates.
A notícia veio depois que os dois interlocutores conversaram por telefone. Sem classificar exatamente a ofensiva russa como “invasão”, o mandatário chinês afirmou que o país oriental respeita a soberania e a integridade territorial de todos os países. Também fez coro para que os dois envolvidos na guerra solucionem o conflito por meio de negociações.
Até então, a conduta da China em relação ao assunto era tida como discreta, mas com acenos críticos à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Aliada da Rússia, a potência oriental também havia evitado censurar Putin durante as agendas do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU).
Essa foi a primeira vez em que Wang Yi e Kuleba conversaram após a deflagração da operação das tropas russas, na última quinta (24). Na ocasião, este último fez um apelo para que o chanceler chinês se utilize da relação estreita com o presidente russo, Vladimir Putin, para tentar frear o combate armado.
Condenação
Também nesta terça (1º), o Parlamento Europeu condenou a invasão russa por meio de uma resolução aprovada por 637 votos favoráveis e apenas 13 contrários. Houve também 26 abstenções.
A maioria dos eurodeputados entendeu que a gestão de Putin agiu de forma “injustificada” e bateu de frente com normas internacionais que passaram a valer desde o término da Segunda Guerra Mundial. Os parlamentares defenderam o ingresso da Ucrânia na União Europeia, pedido que foi formalizado pelo país na segunda (28).
Também foi chancelado pelo parlamento que os membros da União Europeia devem adotar sanções rígidas contra o país bicontinental e contra Belarus. O líder deste último, Alexander Lukashenko, é apontado como apoiador do governo russo.
Combate
A condenação dos eurodeputados veio após o dia começar com novas ameaças russas ao território ucraniano. As tropas de Putin atacaram uma torre de TV em Kiev, capital e alvo das principais investidas dos militares estrangeiros. Um míssil gerou uma explosão que resultou em saldo de cinco mortos e cinco feridos, segundo o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia.
Fronteiras
Entrou em vigor nesta terça (1º), na Ucrânia, um decreto do presidente Volodymyr Zelensky que suspende temporariamente a obrigatoriedade de vistos para estrangeiros que desejem atuar como voluntários na guerra. A ideia de abrir as fronteiras faz parte da tentativa de ampliar o contingente que hoje busca combater os ataques russos no país.
Sanções
As sanções à Rússia também seguiram seu curso nesta terça-feira (1º). A multinacional estadunidense Apple, por exemplo, anunciou interrupção das vendas de seus produtos no país.
Desde o dia anterior, diferentes companhias vinham anunciando medidas do tipo em áreas como energia, transportes, autopeças e outros negócios. Em nota, a Apple chegou a sinalizar preocupação com a invasão das tropas russas e se disse “ao lado de todas as pessoas que estão sofrendo em consequência da violência”.
No Canadá, o Ministério dos Transportes anunciou que bloqueará os portos esta semana para navios russos. O país já havia adotado ações como o fechamento do espaço aéreo para veículos russos e bloqueios ao Banco Central do país de Putin.
“Vamos seguir tomando medidas para nos posicionarmos em favor da Ucrânia", disse o responsável pela pasta, Omar Alghabra, em um contexto em que também foi vetada a compra de petróleo russo.
Houve retaliações ainda em outras frentes. A União Europeia, bloco econômico que reúne 27 países do continente, decidiu proibir em seu território, a partir desta quarta-feira (2), a operação das redes RT e Sputinik, meios de comunicação estatais da Rússia.
Edição: Rodrigo Durão Coelho