O governo da Rússia recomendou que fabricantes de fertilizantes do país paralisem temporariamente a exportação para o exterior. O pedido está em uma nota do Ministério da Indústria e Comércio russo e pode impactar o abastecimento do agronegócio brasileiro.
Segundo o comunicado, a medida é motivada pela desagregação na logística de exportação decorrente das sanções severas sofridas pela Rússia após a ofensiva militar na Ucrânia. O governo russo afirma que transportadoras internacionais suspenderam as atividades no país, prejudicando o escoamento do insumo.
“Falhas no embarque de fertilizantes podem afetar diretamente a segurança nacional de vários países e causar graves consequências na forma de escassez de alimentos para centenas de milhões de pessoas já no médio prazo”, diz a nota do Ministério da Indústria e Comércio.
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Saia justa para Bolsonaro
Do total de fertilizantes de fosfato e nitrogênio utilizados no Brasil, 23% vêm da Rússia e 3% de Belarus, aliada de Vladimir Putin. Na terça-feira (2º), o governo bielorrusso já havia comunicado ao Brasil que paralisaria o envio do insumo, em razão do fechamento da fronteira por parte da Lituânia, como sanção ao apoio à Rússia.
A interrupção da importação coloca o governo de Jair Bolsonaro (PL) em uma saia justa. Os fertilizantes são o principal produto negociado entre Rússia e Brasil. Em 2021, eles corresponderam a 60% dos quase US$ 6 bilhões importados do país de Putin.
Antes do início do conflito, Bolsonaro visitou Putin buscando estreitar as relações comerciais entre os dois países e garantir a chegada dos insumos. A visita, no entanto, não resultou em avanços comerciais concretos.
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Tensão nuclear
Tropas ucranianas e russas entraram em conflito na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de “terror nuclear” por tomar controle da instalação. A movimentação gerou troca de acusações entre embaixadores da Rússia e dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU).
Pelo lado norte-americano, Linda Thomas-Greenfield classificou o incidente em Zaporizhzhia como "inconsequente e perigoso" e afirmou que uma “catástrofe nuclear” foi evitada.
Representando a Rússia, Vassily Nebenzia disse que o país controla Zaporizhzhia desde 28 de fevereiro após uma "negociação com a administração da usina" e que a Ucrânia e seus "aliados ocidentais" tentam "fomentar uma histeria artificial".
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Suposta fuga de Zelensky
Também houve “guerra” de narrativas nesta sexta-feira (4) em torno da suposta fuga do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para a Polônia.
O deputado Vyacheslav Volodin, presidente da Duma, a Câmara baixa do Legislativo russo, afirmou que Zelensky teria deixado a Ucrânia e fugido para o país vizinho. O político russo relatou ter ouvido de parlamentares ucranianos que o presidente ucraniano estava incomunicável.
O parlamento da Ucrânia desmentiu a informação e declarou, por meio da conta oficial do Telegram, que Zelensky estava em Kiev.
Um jornalista questionou o Mikhail Podolyak, conselheiro do chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, sobre o paradeiro de Zelensky. Podolyak disse que não divulgaria a localização do presidente por motivos de segurança.
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Entenda o conflito
Desde o final de 2021, tropas russas passaram a se concentrar nas proximidades da Ucrânia, e o Ocidente enviou armas para os ucranianos.
O conflito tem como pano de fundo o mercado de energia na Europa e os limites da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar composta por membros alinhados aos Estados Unidos, em direção à fronteira russa.
Outro elemento central é o fracasso dos Acordos de Minsk, assinados em 2014 e 2015 como uma tentativa de construir um cessar-fogo para a guerra civil na Ucrânia. A ferramenta diplomática previa condições de autonomia para áreas separatistas de Donetsk e Lugansk e a retirada de armas da região em que tropas ucranianas enfrentavam os rebeldes.
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O governo de Kiev se recusava a cumprir a parte política prevista pelos acordos, já que isso poderia causar uma fratura em sua soberania.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro sob a justificativa de “desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho. Desde então, União Europeia e Estados Unidos anunciaram sanções como resposta e também fornecem armas aos ucranianos.
Edição: Rodrigo Durão Coelho