Esta sexta-feira (11) marca os 200 anos de nascimento de Maria Firmina dos Reis (1822-1917), considerada a primeira romancista brasileira.
Nascida em São Luís, Maria Firmina quebrou paradigmas à frente do seu tempo. Professora e escritora, ela também publicava em jornais, especialmente sobre a pauta abolicionista. À abolicionista coube a publicação do primeiro romance brasileiro contra a escravidão, Úrsula (1859).
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Mulher, pobre e negra, Maria Firmina começou o contato com a literatura quando se mudou para a casa de uma tia com melhores condições de vida na vila de São José de Guimarães, no estado do Maranhão, ainda em 1830, aos 8 anos de idade.
Apesar da sua grande contribuição para a literatura e ao movimento abolicionista, as informações sobre a autora ainda são fragmentos resgatados a partir do trabalho de pesquisadores nas áreas dos estudos de gênero e estudos afro-brasileiros, que vêm resgatando autoras antes desconhecidas ou ignoradas pela história.
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Segundo algumas fontes, em São José de Guimarães, Maria Firmina passou a conviver com referências culturais e parentes ligados ao meio cultural, como o primo Sotero dos Reis, jornalista, poeta, professor e escritor da época.
Formou-se professora e em 1847 foi a primeira mulher negra a ser aprovada em concurso público no Maranhão e, logo no momento de posse, deixa claro sua postura antiescravista, se recusando a desfilar em um palanque nas costas de escravizados pelas ruas de São Luís.
Como era considerado impossível uma mulher da sua época, negra e pobre assumir o posto de literária, foi somente graças à docência que Maria Firmina passou a publicar os primeiros escritos, ainda em folhetins e jornais literários locais, lançando então o primeiro livro de romance chamado Úrsula, em 1859, assinado sob o pseudônimo “Uma maranhense”.
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Úrsula foi o primeiro romance brasileiro escrito por autor afro-descendente, um dos primeiros livros escritos por uma mulher e o primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão, contando ainda com o diferencial de apresentar como ponto de partida, o ponto de vista dos próprios escravizados, feito este à frente de aclamados escritores como Castro Alves e Bernardo Guimarães.
Maria Firmina escreveu também o romance Gupeva (publicado em folhetins em 1861 e em volume em 1863), e publicou o livro de poemas chamado Cantos à beira-mar (1871), onde dedica poemas à mãe e à irmã, apresenta poemas de amor, abolicionistas e patrióticos sobre a Guerra do Paraguai, além de inúmeras outras contribuições, como a composição do "Hino de Libertação dos Escravos", em 1888.
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Homenagem
Na sua cidade natal, em São Luís (MA), o Movimentos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) homenageia a escritora, que dá nome e vida ao Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis, amplo espaço cultural e político dedicado à divulgação, comercialização, formação e troca de experiências de trabalhadores rurais.
Edição: Vivian Virissimo