Conviver com o semiárido demanda diversas estratégias ligadas à realidade de cada local para plantar e ter acesso a uma alimentação saudável. Entre as estratégias, existe o armazenamento e a troca das sementes crioulas através dos bancos de sementes.
“Quando a gente fala de sementes crioulas, estamos falando de sementes tradicionais, ou seja, que remonta a própria história da agricultura", afirma Luciano Silveira, agricultor e membro da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia.
As comunidades passaram a criar vínculos com a prática dos bancos e chamar as sementes crioulas de sementes da paixão
Quem guarda e seleciona os grãos são chamados de guardiões de sementes. Eles fazem a coleta, armazenam e cuidam da multiplicação delas e são nas casas de sementes comunitárias onde acontece a troca e a conservação das variedades.
É lá que a ação dos guardiões e guardiãs ganha força para resistir às constantes ameaças à conservação e uso sustentável da agrobiodiversidade.
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Depois de anos sendo multiplicadas, plantadas e gerando novos frutos, as comunidades passaram a criar vínculos com a prática dos bancos e chamar as sementes crioulas “de sementes da paixão”, além de construir encontros para compartilhar sementes e dicas de plantio e conservação.
Euzébio Cavalcanti coordena a Rede de Casas de Sementes da Paixão no município de Remígio, interior da Paraíba. “O banco de sementes comunitário funciona da seguinte forma: a família renova as sementes todo ano quando ela planta. Então, a família que necessita de uma semente vai lá no banco e pega emprestado uma quantidade", explica.
A ideia é sempre devolver uma montante maior do que o empréstimo, para que os estoques sempre estejam renovados. A metodologia de doação e cuidado se propaga através das diversas variedades de cereais e leguminosas também na Casa de Sementes Comunitária organizada pela guardiã Teresinha Batista.
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“São várias variedades que eu tenho minha responsabilidade por elas, não pensando em mim, mas pensando no próximo, nos vizinhos e nas pessoas que vierem me procurar. Aqui, cada um tem voz de vir aqui no banco e sair com a semente pra plantar, se algum agricultor tiver faltando”.
A iniciativa tem se espalhado. De acordo com o Portal Semear, no total, são 83 bancos de sementes comunitários em 14 municípios da Paraíba. Quem deseja mais informações sobre o assunto pode entrar em contato com a AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia através do e-mail [email protected].
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga e Douglas Matos