O Brasil precisa incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS) os remédios de ponta contra a covid-19 que já são adotados na União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos. Atualmente, os antivirais paxlovid, molnupiravir, remdesivir estão disponíveis no mercado para o tratamento da covid-19 e somente o remdesivir, da Gilead Sciences, está autorizado para uso emergencial pela Anvisa. Mesmo assim, não é distribuído pelo SUS.
Para o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a inclusão desses remédios contra a covid-19 para a população em geral é uma medida que deveria ser tratada com urgência.
“É fundamental que esses medicamentos sejam incorporados ao SUS. A Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) precisa se manifestar a favor disso. Os remédios não são baratos e precisariam priorizar a população com comorbidades”, afirmou o médico a Marilu Cabañas, no Jornal Brasil Atual. “O governo brasileiro deveria fazer um estoque estratégico e operar a distribuição desses medicamentos. Vimos isso em 2008, na epidemia de H1N1 com a distribuição do Tamiflu. Porém, isso exige muita gestão por parte do governo federal, o que é raro na atual situação.”
Remédio contra a covid-19
Em 16 de fevereiro, a Anvisa recebeu o pedido de uso emergencial do paxlovid. Segundo a agência, o prazo de análise é de 30 dias.
Já a farmacêutica MSD submeteu um pedido formal em novembro para a Anvisa, solicitando a autorização temporária do uso emergencial do medicamento molnupiravir. No mesmo dia, foi realizada a triagem inicial da documentação apresentada pela empresa e a agência regulatória identificou a ausência de dados necessários para se avançar na análise.
Em vez de acelerar a avaliação dos tratamentos, o governo se esforça para manter vigente o chamado kit covid, composto de cloroquina, ivermectina e outros remédios comprovadamente ineficazes. Foi o que ocorreu em janeiro, quando o governo reprovou as novas diretrizes para o SUS, que traziam sugestões baseadas em evidências científicas e vetavam as drogas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).