O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) está analisando novas imagens recebidas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio) e de câmeras de residências e de estabelecimentos no trajeto do carro dos assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O percurso vai da Barra da Tijuca, na zona oeste, até o Estácio, na região central da cidade, onde houve a emboscada.
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A informação foi dada pelo promotor Bruno Gangoni, que comanda a equipe de oito promotores dedicados ao caso ocorrido no dia 14 de março de 2018. Nesta terça-feira (15), em entrevista ao jornal O Globo, Gangoni disse que Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados pelas mortes, tomaram todos os cuidados para não deixar rastros e isso torna mais difícil a elucidação sobre o mandante do crime.
O promotor afirmou que, apesar dos quatro anos de tempo de investigação e das cobranças feitas por familiares das vítimas, amigos e organizações nacionais e internacionais, foi pela investigação do caso Marielle que se pode chegar ao "Escritório do Crime", grupo de milicianos liderados pelo ex-policial militar Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro de 2020, e que possuía ligações com o senador Flávio Bolsonaro (PL).
Novo equipamento
Outra linha que vem sendo seguida pelo MP-RJ está relacionada à compra de um equipamento que permite quebrar as senhas e desbloquear telefones. Gangoni afirmou que dados apagados do celular de Ronnie Lessa poderão ser recuperados. Dados fornecidos pela empresa Google, que relutou em ajudar, estão sendo analisados pelo MP.
Os promotores ainda aguardam a colaboração do Facebook, que também resiste a fornecer informações pessoais sobre usuários que visitaram o perfil de Marielle a partir da postagem que ela fez sobre o evento na Casa das Pretas, na Lapa, região central da capital fluminense, horas antes de ser executada a poucos quilômetros dali.
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Gangoni admitiu que não pode dar certezas sobre a conclusão do caso e a descoberta dos mandantes, mas que o MP-RJ nunca teve tantos promotores exclusivamente trabalhando para um caso.
"Temos todos os órgãos técnicos, o pessoal da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), que analisa as imagens. Prometo trabalho, suor e dedicação. Tenho esperança. Acho que a gente pode procurar. Há muito material ainda para se analisar. E acho que, possivelmente, iremos encontrar algo", afirmou o promotor.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda