Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e líder da greve dos caminhoneiros em 2018, está empenhado em construir uma articulação nacional com trabalhadores de aplicativos para protestar contra o aumento da gasolina.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Chorão afirmou que está a caminho de São Paulo para uma série de encontros com diferentes segmentos e categorias do setor de transportes, entre eles os motoboys e trabalhadores ligados a aplicativos, como Ifood, Rappi e Uber.
"A gente precisa começar é com o pessoal do fretamento, das cargas próprias, do segmento urbano, dos motoristas de aplicativo, do Sindicato dos Motoboys, com todo mundo do setor de transporte para lutar pela nossas famílias", afirmou.
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O líder dos caminhoneiros apontou semelhanças nas dificuldades enfrentadas pelas duas categorias, além do preço do combustível. Chorão apontou a questão dos "atravessadores" do serviço, condição que seria vivenciada no ambiente urbano e nas estradas de maneira similar.
"Os motoristas de aplicativo também sofrem muito porque hoje existe um oligopólio dentro do setor, que é referente aos apps. Eles trabalham e ainda ficam sugando cada vez mais, como os caminhoneiros, que também têm os atravessadores. Cada viagem deles, ganham de 40% até 50% em cima de cada motorista. Com a questão da manutenção, não fecha conta", afirmou.
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Chorão criticou a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas disse que o momento crítico exige união e a participação de toda a sociedade.
"Essa pauta do combustível – e digo isso alertando e tentando conscientizar toda a população – é a pauta de toda a sociedade e de todos os segmentos em conjunto. Algumas empresas fizeram algumas manifestações, outras já estão parando é uma porcentagem da frota", disse.
"Ficou inviável trabalhar"
Na semana passada, o Brasil de Fato publicou entrevista com Carlos Alberto Litti Dahmer, o Litti, caminhoneiro autônomo e diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL).
Litti disse que não sabe se conseguirá seguir trabalhando na boleia de seu caminhão após a Petrobras anunciar um reajuste de 24,9% no preço do diesel na última quinta-feira (10).
“Não há mais condição de trabalhar”, pontuou. “Não tem como acomodar um aumento desse no combustível no preço de um frete”, argumentou.
Segundo Litti, ainda antes do reajuste, o custo do diesel já comprometia cerca de 60% do ganho com um frete realizado por um caminhoneiro no país. O percentual é alto justamente porque, desde janeiro de 2021, o combustível foi reajustado pela Petrobras 11 vezes.
O reajuste mais recente foi o maior. Segundo estimativas do Observatório Social da Petrobras (OSP), ele fará com que o preço médio do litro do diesel em postos do país encoste na marca dos R$ 6,50.
Litti disse que caminhoneiros, assim como empresas de transporte em geral, não podem arcar com o reajuste. “Não há mágica. Quem consegue, de um dia para outro, se adaptar a um aumento de 25% no seu custo?”, questionou, em tom de revolta.
Edição: Rebeca Cavalcante