Eu não acho que existe uma poesia boa ou ruim. Existem diferentes tipos de gênero
Entre estrofes, rimas e versos, a edição de hoje (16) do Radinho BdF embarca no maravilhoso mundo da literatura para celebrar o Dia Mundial da Poesia, comemorado em 21 de março. Neste episódio super poético, crianças de diversas partes do Brasil contam sobre seus poemas preferidos e dão dicas de como colocar os sentimentos no papel na forma de versos.
Combinar palavras e dar a elas novos significados. Brincar com ritmo dos versos, procurar rimas e explorar um mundo inteiro de histórias, cheias de aventuras. Essa é só uma parte de todo esse universo das poesias, uma expressão artística que nos acompanha em todos os momentos da história humana. Elas são tão marcantes que é bem provável que as crianças já tenham tido experiências com versos, seja em revistas, livros, na internet ou no rádio, pelas músicas.
O caminho dela é distante,
Para achar é só seguir o elefante
O caminho dela é tão longo,
Para achar precisa ir até o Congo
O caminho dela é feliz,
Basta só seguir seu nariz
O caminho dela e sagrado,
Para achar é só fazer um agrado
Essa é uma das produções da poeta mirim Antônia Gomes Minchoni, que tem 6 anos e mora em São Paulo, comprovando que literatura também é assunto de criança. “Eu comecei a compor poemas com três anos de idade. Na época eu não sabia escrever, então eu desenhava, cantava e falava”, conta Antônia.
Ela está se preparando para lançar seu primeiro livro de poesias. Até lá, os poemas da Antônia e de sua irmã, Ana Gomes Minchoni, são publicados na conta delas no Instagram.
Os poetas mais citados no grupo dos preferidos da criançada são Cecília Meirelles, Manoel de Barros, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Morais. Esses pequenos leitores ávidos por poesias aproveitam para declamar seus versos preferidos, dando dicas imperdíveis de boas poesias que ajudam a quebrar a ideia que esse tipo de literatura é algo sério ou difícil de entender.
“A minha primeira relação com poesia foi quando eu ganhei do meu avó o livro ‘Assim, assado’, da escritora Eva Furnari”, diz Bernardo Caronda Levoni, que tem 12 anos e mora em Curitiba. “Eu gosto muito de Manoel de Barros porque eu ouço desde de pequeno. Ele foi um poeta que nasceu em 1916 e morreu em 2014. Ele viveu muitas histórias, fez muitas poesias e foi reconhecido pelo público”, disse Rudá de Oliveira Fagundes, que tem 9 anos e mora em Dourados (MS).
As poesias escritas são formadas por versos que representam cada uma das linhas dos poemas. O conjunto de alguns versos formam uma estrofe, que são como pedaços das poesias, que dão um ritmo todo especial na hora de ler ou recitar. Mas, para escrever poesias, não tem certo ou errado: os poemas podem ter quantas estrofes ou versos o autor quiser, a única regra é se divertir.
“Eu não acho que existe uma poesia boa ou ruim. Existem diferentes tipos de gênero. Uma poesia pode agradar a alguém mesmo que você não goste”, pontua Guilherme Ferreira Soares, que tem 14 anos e mora em Santo André.
Brincando com palavras
Quem quiser arriscar um pouco mais na hora de escrever poesias pode usar um recurso muito comum nos versos: as rimas. Essa combinação de sons dá diversas possibilidades de brincadeiras. “Eu gosto de brincar com as palavras e rimas inventando uma nova e colecionando as velhas. Eu sempre escolho uma palavra e descubro qual rima, aí invento uma história, tipo ‘o abacate foi mordido pelo alicate’ ou ‘o tubarão gosta muito de macarrão’”, ensina Francesco Ricciuto, que tem 6 anos e mora em São Paulo.
Mas as brincadeiras com as palavras não param nas rimas. Uma das mais divertidas é escrever histórias, um ótimo exercício para a imaginação. Quem está sem tanta inspiração pode seguir as dicas da Maria Flor Tostes, que tem 10 anos, mora em Niterói e adora escrever contos.
“Um dia eu estava na escola e a professora passou um dever: ela mostrou uma imagem e a gente tinha que descrever essa imagem e criar uma história com elas. Eu gostei e comecei a fazer em casa. Minha inspiração são as coisas que acontecem na mina vida, junto com minha imaginação”, disse.
A última brincadeira do episódio é uma sugestão pra lá de divertida da professora de português e literatura Ana Paula Miola, que traz direto do Japão um jeito muito especial de criar e escrever poesias.
Poesia periférica
Além de serem muito divertidas, as poesias são usadas para denunciar problemas sociais. Por isso, essa arte tem ganhado muito espaço nas periferias do país, onde poetas se encontram para declamar poesias em saraus, que são encontros de artistas onde cada um apresenta um estilo de arte.
“A minha opinião, os temas que podem ser tratados nas poesias vão de cartas de amor a criticas sociais, sobre problemas que vivemos hoje, além de fatos históricos, mostrando como as pessoas vivam no passado”, diz Beatriz Klein, que tem 13 anos e mora em Curitiba.
Um dos principais nomes da poesia periférica do Brasil é o poeta Sérgio Vaz, fundador do Sarau da Cooperifa, que ocorre há 23 anos na zona sul de São Paulo.
Outro espaço cada vez mais popular para declamar e ouvir bons poemas são os slams, como são conhecidas as batalhas de poesias que se espalham pelo país. Esses poemas têm um tom muito crítico a situações de injustiça social, como o racismo, o machismo, a pobreza e a falta de oportunidades para a juventude periférica.
Além dos saraus, vale também conferir se pelas escolas é possível se inscrever na Olimpíada de Língua Portuguesa, um grande encontro de crianças de todos os estados do nosso país para ler histórias e declamar poesias.
Música também é poesia!
Para comprovar essa máxima, a Vitrolinha BdF põe para tocar sucessos da música brasileira que celebram a força das palavras: “Poema”, na voz de Ney Matogrosso, “Palavra Mágica”, de Chico César e “Meia-Lua Inteira”, de Caetano Veloso, compõe a palylist especial do episódio.
E quem gosta de cantar poesias pode se deliciar com os versos ritmados da coleção Crianceiras, um projeto educativo que propôs musicar poesias brasileiras para crianças, incluindo grandes nomes da literatura nacional, como Manoel de Barros e Mário Quintana.
Sintonize
O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.
Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.
Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].
Edição: Camila Salmazio