Guerra

Rússia e Ucrânia avançam em negociação sobre neutralidade; Crimeia e Donbas são "questão-chave"

Kiev deve ficar de fora da Otan e com status de neutralidade; ucranianos defendem "estados garantidores" contra agressão

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Soldado da Ucrânia em posto militar de Kiev - Aris Messinis / AFP

Representantes de Rússia e Ucrânia afirmaram que as negociações entras as partes estão avançando. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, destacou nesta quarta-feira (16) que há "esperança" de um acordo e que o status militar da Ucrânia está na mesa de negociação.

"Um status neutro está sendo seriamente discutido, atrelado a garantias de segurança", afirmou Lavrov à emissora RBK. "Há concretas formulações que, a meu ver, estão próximas de levar a um acordo."

O assessor do Kremlin que lidera as negociações, Vladimir Medinsky, afirmou que a neutralidade da Ucrânia, no modelo de países como Suécia e Áustria, é um dos pontos de conversa. Medinsky ainda afirmou que a situação da Crimeia e de Donbas são a "questão-chave" para Moscou.

:: Sanções sufocam Rússia e selam rompimento com Ocidente ::

"A preservação e o desenvolvimento do status neutro da Ucrânia, a desmilitarização da Ucrânia, toda uma série de questões relacionadas ao tamanho das forças armadas ucranianas estão sendo discutidas", disse o negociador do Kremlin, segundo a Tass. "A Ucrânia está propondo as versões austríaca e sueca de um estado desmilitarizado neutro, que é um estado que tem um exército e uma marinha."

O que dizem os ucranianos?

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu que seu país deve ficar de fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e afirmou em vídeo publicado em suas redes sociais que as conversas "estão mais realistas'.

:: Otan pede que China condene Rússia por invasão; Ucrânia admite ficar de fora de aliança militar ::

Kiev ficar de fora da Otan é uma das exigências de Moscou para encerrar a guerra.

O negociador e conselheiro da Ucrânia, Mikailo Podolyak, destacou nesta quarta-feira (16) que "o modelo das garantias de segurança está na mesa de negociação".

"O que isto significa? Um acordo rígido com vários estados garantidores que assumem obrigações legais claras para prevenir ativamente ataques à Ucrânia", disse Podolyak.

Em seu regimento, a Otan prevê que um ataque contra qualquer um de seus 30 Estados-Membros deve ser respondido pelos países do bloco militar — que conta com potências militares como Estados Unidos e França.

De acordo com o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), desde 24 de fevereiro, 3.063.095 refugiados já fugiram da Ucrânia por conta da guerra. A Polônia recebeu a maior parte dessas pessoas e abriga 1,8 milhão de refugiados.

Edição: Arturo Hartmann