Dez milhões de pessoas, mais de um quarto da população da Ucrânia, tiveram que deixar suas casas devido à guerra "devastadora" conduzida pela Rússia no país vizinho, estimou neste domingo (20) o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.
"A guerra na Ucrânia é tão devastadora que 10 milhões de pessoas fugiram, deslocadas internamente ou refugiadas no exterior", declarou Grandi no Twitter.
Among the responsibilities of those who wage war, everywhere in the world, is the suffering inflicted on civilians who are forced to flee their homes.
— Filippo Grandi (@FilippoGrandi) March 20, 2022
The war in Ukraine is so devastating that 10 million have fled — either displaced inside the country, or as refugees abroad.
"Entre as responsabilidades daqueles que fazem a guerra, em todo o mundo, está o sofrimento infligido aos civis que são forçados a fugir de suas casas", acrescentou.
Em poucas semanas, os números da Ucrânia começam a se aproximar de outros conflitos sangrentos, como a guerra civil da Síria, que fez com que 13,5 milhões deixassem suas casas ao longo de uma década - destes, pelo menos 6,7 milhões deixaram o país.
Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 3.389.044 ucranianos já fugiram do país desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Cerca de 90% dos que fugiram são mulheres e crianças. Homens entre 18 e 60 anos por enquanto não podem deixar o país por causa da expectativa de que eles sejam convocados para lutar contra os russos.
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Por sua vez, o Unicef, a agência das Nações Unidas para as crianças, declarou que mais de 1,5 milhão de crianças estão entre os que fugiram para o exterior e alertou que os riscos de tráfico e exploração de seres humanos que enfrentam são "reais e crescentes".
Seis em cada 10 refugiados ucranianos - 2.050.392 até agora - fugiram para a vizinha Polônia, de acordo com os últimos números do ACNUR.
Outros 527.247 ucranianos chegaram à Romênia, incluindo um grande número que cruzou a fronteira pela Moldávia, encravada entre a Romênia e a Ucrânia. Já o número de refugiados ucranianos que cruzaram a fronteira para a Hungria supera a marca de 300.000, informou o ACNUR. Cerca de 184.563 refugiados buscaram abrigo na Rússia desde o início da invasão.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) da ONU também informou que, na quarta-feira, 162.000 cidadãos de outros países que viviam na Ucrânia fugiram do país para nações vizinhas.
Outros milhões de ucranianos deixaram suas casas, mas permanecem dentro das fronteiras da Ucrânia, como deslocados internos.
De acordo com a ONU, cerca de 6,48 milhões de pessoas deixaram suas casas e continuam dentro do país.
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O ACNUR havia estimado inicialmente que até quatro milhões de pessoas poderiam deixar a Ucrânia.
Antes do conflito, a Ucrânia tinha uma população de 37 milhões de pessoas nas áreas sob controle do governo, excluindo a Crimeia anexada pela Rússia e as áreas separatistas pró-Rússia no leste do país.
Civis mortos no conflito
Ainda neste domingo, a ONU informou neste domingo que pelo menos 902 civis, sem nenhuma participação no conflito, morreram desde o início da invasão russa à Ucrânia e que 1.459 ficaram feridos nos ataques.
Estas baixas não contam com as ocorridas entre tropas ucranianas e pessoas que fornecem assistência aos militares. Entre essas mortes, 179 foram de homens, 134 de mulheres, e 514 de adultos cujo sexo não foi determinado.
Além disso, 75 menores de idade morreram na guerra. Segundo a Procuradoria-Geral da Ucrânia, 115 menores já morreram.
Entre os feridos, cerca de cem foram crianças atingidas por armamento explosivo, seja fogo de artilharia, múltiplos sistemas de lançamento de foguetes, mísseis ou bombardeios aéreos.
Como tem se repetido desde que começou a documentar as baixas civis deste conflito, a ONU insistiu que os números relatados são subestimados.
Segundo a agência, isto envolve principalmente a cidade de Mariupol e as regiões de Kharkiv, Sumy, e as localidades de Volnovaja (região de Donetsk), e Sievierodonetsk e Rubizhne (região de Lugansk), que estão sob ataque russo.