O presidente da Supervia, Antônio Carlos Sanches, disse em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Trens, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que a concessionária está em negociação com o governo do estado e com a Agetransp, agência reguladora de transporte urbano, para que o aumento da passagem de trem não ultrapasse os R$ 6, "apesar de não ter um número fechado".
A declaração foi dada, na última segunda-feira (21), diante do impasse no aumento da tarifa, que chegou a ser autorizada para que passasse a ser de R$ 7. O presidente da empresa se queixou da queda do movimento de passageiros na pandemia, de 600 mil usuários por dia para 180 mil diários em 2021. Hoje, a média é de 340 mil/dia.
Leia mais: Deputados do RJ vão abrir CPI dos Trens questionando reajuste da passagem para R$ 7
"Precisaríamos de mais 110 mil passageiros por dia para equilibrar os custos operacionais, ou seja, 450 mil usuários. Ano passado recorremos à recuperação judicial, que suspende por um período o pagamento de dívidas aos credores. Sabemos que o serviço não está bom, mas acredito que a CPI seja uma oportunidade para que a Supervia diga os porquês dos problemas", disse ele.
Relator da CPI, o deputado Waldeck Carneiro (PSB) argumentou que o salto da tarifa dos atuais R$ 5 para R$ 6 já representará um aumento de 20% no valor. O parlamentar afirmou que o aumento da tarifa não deveria passar de R$ 5,50, valor "que já é difícil para o usuário de trens".
"Nenhum trabalhador, em 12 meses, teve essa majoração salarial! Eu sugeri, desde o primeiro momento, que se levasse em conta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que no último ano acumulou o índice de 10,54%, o que elevaria a tarifa a R$ 5,50, lembrando que pagar R$ 5 já é difícil para o usuário de trens”, disse o parlamentar.
Leia também: Eleições 2022: nova pesquisa mostra empate técnico entre Castro e Freixo para governo do RJ
Waldeck também chamou a atenção para o fato de o Secretário de Estado de Transportes, André Luiz Nahass, na audiência, ter se declarado impedido de participar do debate do aumento da tarifa porque, há dez anos, foi assessor jurídico da Supervia.
"É lamentável que o secretário não possa atuar diretamente numa das questões mais centrais da mobilidade urbana do estado, que é a do transporte ferroviário. Também não entendo como o Conselho Estadual de Transportes e Logística, que ele preside, não se reuniu desde que ele chegou ao cargo, em novembro passado", lembrou o relator da CPI.
A assessora-chefe do gabinete do governador Cláudio Castro (PL), Priscila Sakalem, garantiu aos deputados que o governo está realmente estudando implementar uma tarifa social, conforme recomendado pela Agetransp, com um valor do modal inferior a R$ 6. Segundo ela, no contrato de concessão estava previsto o IGP-M, atrelado ao dólar, como índice de reajuste anual, mas houve uma mudança para o IPCA na mesa de negociação.
"Os valores serão reajustados, a partir de agora, de acordo com este índice até que se chegue a um aumento compatível com os custos do setor ferroviário. Este valor será revestido em investimentos do Governo do Estado nesta área", afirmou.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda