A Arquidiocese de Curitiba enviou carta a Sidnei Toaldo, relator do pedido de cassação do vereador Renato Freitas (PT), em que afirma que o protesto do vereador e outras pessoas pela morte do congolês Moise Kabagambe, em frente à Igreja do Rosário, “abreviou a missa iniciada às 17h”, mas “somente após o término da missa adentraram à Igreja com palavras de ordem e bandeiras”.
Leia mais: Curitiba: Conselho de Ética da Câmara vota pela continuidade de processo contra Renato Freitas
Na carta, a diocese disse ainda que a movimentação contra o racismo era legítima: “A causa é nobre e merece respeito”. O documento afirma que no dia houve “certos excessos, como desrespeito ao lugar sagrado...”, mas que o vereador “procurou as autoridades religiosas, reconheceu seu erro e pediu desculpas”.
Por fim, a carta afirma que a Diocese se manifesta em favor de medida disciplinadora proporcional ao incidente e que: “Não se adote a punição máxima contida no Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba.” Traduzindo, a arquidiocese defende que não haja a cassação do mandato do vereador. Veja a íntegra da carta na imagem abaixo.
Entenda o caso
Desde 5 de fevereiro, quando participou do ato por justiça a Moïse Kabagambe, o vereador Renato Freitas (PT) é alvo de um processo de cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar. O vereador Sidnei Toaldo (Patriotas) é o relator do processo, tendo como vice a vereadora Maria Leticia (PV).
:: Vereador de Curitiba é alvo de ameaças após participar de protesto antirracista ::
Como mostra vídeo feito ao vivo pelo Brasil de Fato PR, no dia do ato, após a missa, um grupo de manifestantes entrou na igreja do Rosário. Renato Freitas estava entre eles. "Pacificamente, assim como entramos na igreja, saímos e seguimos com a manifestação, reivindicando políticas públicas para imigrantes e de combate ao racismo", afirmou o vereador, à época.
Leia também: "Igreja é um lugar sagrado, mas é também um lugar político", afirma padre de Curitiba
Desde então, Freitas tem sido acusado de liderar uma invasão à igreja, que teria interrompido de forma violenta a missa. O local do ato foi escolhido por sua relação histórica com a população negra curitibana. A Igreja, inaugurada em 1737, foi construída por e para pessoas escravizadas, uma vez que negros e negras não poderiam entrar em outras igrejas da cidade.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Pedro Carrano