Estudantes indígenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) terão uma casa de moradia própria em Porto Alegre. Em reunião realizada na manhã desta segunda-feira (28), o Coletivo dos Estudantes Indígenas esteve com a Pró-Reitoria de Extensão e com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFRGS, quando a Universidade informou a definição de um prédio para montar definitivamente a Casa dos Estudantes Indígenas da UFRGS.
Conforme registrou o repórter fotográfico Alass Derivas (Deriva Jornalismo), o prédio escolhido para a nova Casa é onde funcionava a Creche da UFRGS. Para Ceniriani Vargas, integrante do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), que acompanha a mobilização, a conquista é uma vitória. Contudo, ela destaca que o espaço estava desativado e "sucateado", levantando a hipótese de que a destinação do espaço aos indígenas possa ser uma estratégia para acabar de vez com a creche.
A creche
A creche atendia crianças dependentes de servidores da UFRGS e estava fechada mesmo antes da pandemia de covid-19, enquanto a Universidade fornecia "auxílio creche" para os usuários do serviço. Ainda assim, tanto Ceniriani quanto os indígenas lamentaram a perda do espaço pelas mães. Alass Derivas explica que o local fica no campus Saúde, em ambiente arborizado que conta com uma área comum que pode ser utilizada para o convívio das crianças e práticas dos rituais de cada um dos diferentes povos indígenas.
Leia também: "Logo não serei a única", diz primeira indígena empossada Defensora Pública na Bahia
"Certamente não se pode esquecer das condições das mães que usufruíam da creche antes da pandemia e das mães que necessitarão deste atendimento após a volta presencial. Este espaço da creche terá de ser recriado em outro ambiente, atendendo também esta demanda. Não podemos cair na estratégia da Reitoria de pôr um grupo contra o outro. Mães indígenas contra mães não indígenas. É responsabilidade da Universidade criar um outro espaço digno para uma nova creche", reforçou o repórter.
Ele informa, também, que ficou agendada para 30 de março uma visita de representantes do Coletivo de Estudantes Indígenas ao local para avaliar as necessidades de adequação do espaço.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira e Rodrigo Durão Coelho