A partir do início de abril o estado do Rio Grande do Sul terá um novo chefe do Executivo. Nesta segunda-feira (28), Eduardo Leite (PSDB) anunciou sua renúncia do cargo de governador do estado. A transferência ao vice, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), deve acontecer nesta quinta-feira (31). Na coletiva, o líder do Executivo estadual comunicou sua permanência no partido tucano. Sem oficializar candidatura à Presidência da República, disse que a mudança vai "abrir muitas possibilidades".
“Eu atendo o que a legislação eleitoral me exige de apresentar que irei renunciar ao mandato de governador, para que possa estar na política, estar atuando nessa eleição que é decisiva, que é crítica, que é a mais importante da história recente do nosso país. Buscando dar toda a colaboração que eu puder para ajudar o país a encontrar uma alternativa que não significa a tentativa de eliminar um adversário tratando como inimigo, que não declare guerra internamente no país”, afirmou Leite, em alusão a uma fala do presidente Jair Bolsonaro neste final de semana.
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O anúncio foi feito de forma híbrida, em um salão lotado, onde a maioria dos presentes estavam sem máscaras. Ao falar do seu mandato como governador, Leite afirmou que sempre tratou com respeito, mesmo quem tem divergências com seu governo. “Nunca passamos por cima de ninguém. Nunca atacamos as pessoas. Atacamos os problemas, enfrentamos no campo das ideias, dos argumentos àqueles que divergiam de nós”, destacou.
Mira na candidatura a presidente
Ao ser indagado sobre suas aspirações políticas, Leite pontuou que a sua renúncia abre muitas possibilidades e não retira nenhuma. “Eu tenho disposição, mas não quero isso a qualquer custo. Tenho uma história dentro do partido. São 20 anos de filiação", afirmou.
Leite disse ainda que uma eventual candidatura à Presidência passaria não apenas por decisão interna do PSDB, mas por uma convergência de forças políticas que envolveria também União Brasil, MDB, Cidadania, entre outros partidos, de que ele seria o melhor nome. Ele afirmou ainda que esses partidos não foram consultados na escolha do PSDB pela candidatura de Doria.
Há poucos dias, no governador acenou uma possível troca de partido, para o PSD, o que não se concretizou. Dois dias após Leite ter participado de ato do PSD, lideranças do PSDB divulgaram carta pedindo para que ele permanecesse na sigla. Na coletiva, Leite afirmou que conversou com Doria por telefone momentos antes do anúncio da renúncia e que os dois estão "alinhados" em suas propostas para o país.
Oposição destaca legado de destruição no estado
Em nota, a Bancada do PT na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e a Executiva Estadual do partido afirmam que “Eduardo Leite só formalizou algo que, na prática, já faz quase um ano que aconteceu, desde que sua prioridade passou a ser a construção da pré-candidatura presidencial, relegando o Estado a um plano B”.
O partido também critica ações de Leite no comando do estado, como ter abandonado o controle do enfrentamento à pandemia em 2021 e jogado “nas costas exclusivamente dos prefeitos”, bem como a não priorização da concessão de auxilio emergencial, o que foi autorizado pelos deputados, para famílias gaúchas. Cita ainda temas como o abandono aos agricultores familiares que sofrem com a seca, a precarização dos professores e dos policiais e o atraso dos repasses a hospitais do IPE Saúde.
“Agora, mesmo rejeitado pela maioria do seu partido, mesmo não encontrando viabilidade para construir sua candidatura presidencial em outras siglas, Eduardo Leite deixa o governo do estado na perspectiva de golpear a decisão das prévias do PSDB”, conclui a nota.
Em suas redes sociais, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) afirma que a renúncia de Leite “confirma que usou o Rio Grande do Sul como laboratório para suas políticas neoliberais e vitrine para sua ambição nacional”.
Ela lista ainda o que considera o legado que o governador deixa no RS e quer levar ao país: “Escolas caindo aos pedaços, crise no IPE Saúde, salários congelados no funcionalismo, desmonte ambiental, confisco em aposentadorias de professores e brigadianos, privatização da CEEE com péssimos resultados”.
Assista à coletiva completa:
* Com informações do Sul 21
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Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira