A Agência Nacional de Vigilância Sanitário (Anvisa) aprovou hoje (30) o uso emergencial do medicamento Paxlovid contra a covid-19. O composto é produzido pela farmacêutiva Pfizer e já é aplicado em diversos países, como Israel e Estados Unidos. De acordo com a agência, o remédio será indicado para maiores de 18 anos que corram risco de agravamento da doença, mas que ainda não precisem de oxigênio suplementar.
“Trata-se de mais uma ferramenta para evitar complicações”, disse a diretora da Anvisa Meiruze Sousa Freitas, relatora do pedido para uso. O uso do medicamento é via oral e será administrado em casa, com exigência de prescrição médica. A entidade ainda reforçou que o Paxlovid não deve ser usado de forma preventiva.
Por sua vez, a biomédica e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mellanie Fontes-Dutra celebrou “mais uma forma para lidar com a doença”, mas reforçou, por meio de suas redes sociais, que “ele não substitui a necessidade e a importância da vacinação”, além das demais medidas preventivas, como uso de máscaras e higienização das mãos.
Os estudos de eficácia do composto são animadores, afirma Mellanie. “Cinco pessoas de 697 tiveram sintomas relacionados à covid-19 com hospitalização ou morte, comparado com 44 de 682 no grupo controle que tomou placebo (…) A redução do risco relativo de hospitalização ou morte por qualquer causa relacionada à covid-19 foi de 88,9%”, completou, a partir de dados da Pfizer.
Eficácia e segurança
Mellanie ainda lembra que “nove mortes foram relatadas no grupo placebo e nenhuma no grupo Paxlovid”. Isso, porque o medicamento apresentou redução na carga viral dos pacientes. “Paxlovid reduziu a carga viral no dia 5, quando o tratamento foi iniciado dentro de 3 dias após o início dos sintomas, uma diminuição na carga viral por um fator de 10 em relação ao placebo”.
Enquanto isso, a incidência de efeitos colaterais foi insignificante, comprovando a segurança do medicamento. “A incidência de eventos adversos que surgiram durante o período de tratamento foi semelhante nos dois grupos. Qualquer evento adverso: 22,6% no grupo Paxlovid x 23,9% no placebo; eventos adversos graves, 1,6% x 6,6%, respectivamente”, completa Mellanie.
Balanço da covid-19
Enquanto isso, a pandemia segue em trajetória de declínio no Brasil. Contudo, os números ainda são elevados em comparação a outras doenças. Hoje, foram notificadas 263 mortes causadas pela infecção, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Desde o início da pandemia, em março de 2020, o Brasil tem oficialmente registradas 659.504 vítimas. Também foram registrados hoje 33.937 novos casos, totalizando 29.916.334. O Brasil é o segundo país com maior número de vítimas do vírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, sem contar ampla subnotificação.
A média móvel de casos, calculada em sete dias, está em 26.620 doentes por dia, confirmando tendência de queda constante desde o dia 3 de fevereiro, no pico de contágio da variante ômicron. Já o mesmo indicador para as mortes está em 215, em queda desde o dia 11 de fevereiro.