Desobrigar as máscaras não significa que elas não são mais recomendadas
Até hoje (30), 22 estados brasileiros já liberaram o uso de máscaras, considerada um dos principais itens de proteção contra o coronavírus. Em algumas regiões o uso desse item de proteção deixou de ser obrigatório inclusive em lugares fechados, como nas escolas. E essa medida está dividindo opiniões de crianças.
Para saber como elas encaram a decisão dos governantes sobre as máscaras, a edição de hoje (30) do Radinho BdF conversou com meninas e meninos de diferentes regiões do país para conferir como eles estão vivenciando esse novo momento da pandemia.
“Sentir o ar quando você está muito acostumado com a máscara é estranho. Não gosto da sensação de estar sem máscara. Na escola, a maioria das crianças não usa máscara e isso me preocupa muito, tanto por mim quando por ela”, conta Camila, que tem 8 anos e mora em Dourados (8). “Aqui não é mais obrigatório. Eu acho que essa foi uma decisão errada dos governantes.”
Porém, algumas crianças estão bastante ansiosas para tirar a máscara: “porque seus pais não deixam você ir para a escola sem máscara só uma vez? Agora o prefeito já deixou…”, questiona Pedro Ernesto, que tem 6 anos, é irmão da Camila e também mora Dourados (MS).
Especialistas apontam, no entanto, que neste caso não se trata de uma opinião individual. Já foi comprovado cientificamente que a máscara é uma das melhores medidas de proteção e como a pandemia é um problema que prejudica a todos na sociedade, as decisões precisam levar em consideração o coletivo.
“A gente ainda está em um cenário com números de casos e óbitos muito elevados”, lembra a biomédica e neurocientista Mellanie Dutra, que integra o time Halo, iniciativa da ONU para combate a pandemia. “É importante a população entender que desobrigar não significa não ser mais recomendada. As máscaras continuam sendo altamente recomendadas, principalmente em ambientes fechados.”
Então fica a dica da Mellanie e do Radinho BdF: não é porque alguns políticos aceleraram as coisas que você precisa parar de usar a sua máscara. Pelo contrário, com menos gente usando, essa é a hora de reforçar a sua proteção.
“Eu acho que a covid está melhorando e se as pessoas continuarem usando máscara por mais um tempo talvez ela acabe”, espera Pablo Neves, de 8 anos, que fala com o Radinho direto de Vitória (ES).
Os números oficiais mostram que o vírus atualmente está contaminando menos pessoas do que no passado, graças aos esforços da população em seguir as medidas de segurança e aos esforços de cientistas.
“Aqui no Espírito Santo já liberou em lugares abertos, mas não nos fechados. Na minha opinião é bom usar para frear a transmissão”, conta Maria Tereza Neves, de 11 anos, que também Vitória. “Eu acho que ao ar livre já está tudo bem se mantivermos distância, mas em lugares fechados não deveria ser permitir tirar a máscara, porque fica mais fácil contaminar pessoas. Deveríamos esperar mais tempo para a pandemia não aumentar de novo.”
Sim para a vacina!
Um ponto muito importante para que as crianças possam ficar mais seguras e protegidas do coronavírus é agilizar a vacinação de quem tem menos de cinco anos.
As crianças nessa faixa de idade ainda estão aguardando a autorização da Agência Nacional de Saúde (ANS), que analisa se a vacina Coronavac é segura para quem tem entre 3 e 5 anos.
Outro desafio urgente é acelerar a imunização de meninos e meninas de 5 a 11 anos. Dois meses depois do início da campanha no país, a vacinação infantil contra a covid demora para avançar, apesar de já termos vacinas pediátricas disponíveis na maioria dos postos de saúde do país.
Até hoje, só metade das crianças de 5 a 11 anos tinham tomado a primeira dose de uma das duas vacinas autorizadas para meninos e meninas: a Coronavac e a Pfizer. Os dados são do Consórcio de Veículos de Imprensa.
“Cada vez mais surge uma ideia entre as pessoas que as vacinas fazem mal. Na verdade elas precisam buscar informações corretas. Eu, por exemplo, gosto de ver Youtube e jogar jogos online, mas sei que as pessoas podem falar coisas que não são verdades. Todo mundo tem que ter cuidado com isso”, pontua Gabriel de Queiroz, que tem 10 anos e mora em Recife (PE).
Para ajudar a combater as fakenews e ficar protegido mesmo com a chegada de novas variantes no Brasil, é importante conversar com amigos e familiares e lembrar que milhões de crianças já foram vacinadas no mundo todo, sem reações graves.
Outra dica é compartilhar com eles um vídeo especial sobre a vacinação produzido pelas crianças Sem Terrinhas, a vertente infantil do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
Histórias e músicas
A contadora de histórias Lara Chacon conta sobre a trajetória da cientista Margareth Dalcomo, considerada uma “bússola no meio da tempestade” pelo seu esforço incansável em ajudar a conter a pandemia no Brasil.
A história dela e de outras mulheres cientistas brasileiras foram reunidas no livro “Histórias para Inspirar Futuras Cientistas”, publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cheio de ilustrações. É possível fazer o download gratuito aqui.
Para completar esse episódio especial, a Vitrolinha BdF põe para tocar MV Bill, em uma campanha especial para o Ministério da Saúde e o sucesso das redes sociais “Funk da Vacina”, divulgado pelo podcast Medo e Delírio em Brasília.
Sintonize
O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.
Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.
Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].
Edição: Camila Salmazio