O presidente do Peru, Pedro Castillo, decretou toque de recolher na capital Lima e na província de Callao, sede do aeroporto e do porto mais importante do país. O anúncio foi feito nas últimas horas da segunda-feira (4) e busca "restabelecer a paz" diante de uma greve de caminhoneiros que começou no dia 28 de março.
"Diante dos atos de violência que alguns grupos tentaram criar (...) e para restabelecer a paz e a ordem interna (...) o Conselho de Ministros aprovou declarar a imobilidade cidadã (toque de recolher) das 2h da manhã até 23h59min da noite do dia 5 de abril para resguardar a segurança cidadã", afirmou Castillo em pronunciamento na televisão.
O decreto presidencial que instalou a medida prevê que profissionais da saúde, do setor de energia, da imprensa, entre outras atividades, possam circular durante o toque de recolher. Para o restante da população, o texto recomenda trabalho remoto e afirma que sair de casa está permitido apenas para buscar atendimento médico ou comprar remédios.
No dia 28 de março, o Grêmio Nacional de Transporte de Cargas convocou uma greve por conta do aumento do preço dos combustíveis e importantes rodovias do país foram fechadas. Também ocorreram saques, episódios de destruição de propriedade privada e enfrentamento com a polícia.
"Porque o que continuamos cobrando pelo frete de carga não é mais suficiente para continuarmos operando”, disse à imprensa local o dirigente sindical Héctor Velásquez.
Desde então, as mobilizações cresceram e Castillo sentou para negociar com os grevistas — embora tenha dito no dia 31 de março que as mobilizações eram mal-intencionadas.
No domingo (3), o governo zerou os impostos sobre combustíveis por 9 meses e anunciou o fim da greve após uma rodada de negociações com "os principais sindicatos de transporte de carga do país". Na ocasião, Castillo ressaltou que a inflação estava ligada à guerra entre Rússia e Ucrânia e que não podia intervir no mercado.
A medida, todavia, não foi suficiente para esvaziar a mobilização dos motoristas. Quatro pessoas morreram em decorrência dos protestos.
Castillo já sofreu duas tentativas de impeachment em cerca de 8 meses no governo. A mais recente tentativa de afastar o atual presidente foi derrotada no Congresso no dia 28 de março, o mesmo dia do início da greve. De acordo com pesquisas de opinião, o mandatário é reprovado por 65% da população e 71% dos peruanos não acreditam que ele irá concluir o mandato.
Edição: Arturo Hartmann