A variante ômicron continua a desafiar a estratégia de “covid zero” da China. No último domingo (3), o país registrou 13.146 novos de covid-19 em um período de 24 horas, de acordo com a Comissão Nacional da Saúde (CNS) daquele país. É o maior índice de infecção entre os chineses desde o início da pandemia por lá, no final de 2019. Como consequência do aumento da transmissão, as autoridades sanitárias locais anunciaram também a descoberta de uma possível nova subvariante da ômicron na área de Xangai.
De acordo com o jornal chinês Global Times, a nova versão do vírus foi detectada em um paciente com quadro leve de covid-19, na cidade de Suzhou, a oeste de Xangai. O sequenciamento genético apontou que a nova cepa evolui do subtipo BA.1.1 da ômicron.
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Sobre o recorde de casos, o CNS informou que “são 1.455 pacientes com sintomas, 11.691 casos assintomáticos e nenhuma morte relatada”. Ainda assim, para conter o surto da doença, o governo chinês decidiu estender o lockdown, que seria suspenso nesta terça-feira (5). As autoridades não deram um novo prazo para o fim do confinamento, o maior implementado pela China em mais de dois anos.
Xangai responde por cerca 65,5% dos novos diagnósticos de covid registrados no país nas últimas 24 horas. Nesse sentido, as autoridades municipais ordenaram que todos os 26 milhões de habitantes da cidade farão autotestes contra a covid-19 durante o lockdown. Os resultados positivos devem ser imediatamente informados.
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“A principal tarefa é remover completamente os pontos de risco e cortar a cadeia de transmissão para que possamos parar a propagação da epidemia o mais rápido possível”, disse Wu Qianyu, da Comissão Municipal de Saúde de Xangai. Os transportes públicos continuam paralisados e as empresas só podem funcionar em “circuito fechado”, o que obrigou milhares de trabalhadores a dormirem nos locais de trabalho.
Nova variante: cautela
A neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19 Mellanie Fontes-Dutra destacou que o anúncio da nova variante exige “cautela”. “Não precisamos nos alarmar imediatamente. Precisamos estudá-la, entendê-la e monitorá-la. Agora, isso significa também que temos um alerta importante sobre a transmissão”, afirmou pelas redes sociais.
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Dessa maneira, ela ressaltou que apenas a presença de mutações não confere, automaticamente, vantagens ao vírus. Ao mesmo tempo em que pediu cautela em relação ao anúncio de novas variantes, disse também que não é prudente descartar a preocupação. “Com o vírus se espalhando mais, ele tem mais oportunidades para fazer cópias de si, em diferentes hospedeiros, e daqui a pouco a chance de ele adquirir mutações que possam conferir alguma vantagem pode ser maior”, completou.
Balanço da covid no Brasil
O alerta de Mellanie sobre o risco do surgimento de novas variantes vale especialmente para o Brasil. Isso porque, apesar da queda significativa nas últimas semanas, a média de novos casos diários de covid ainda está acima de 20 mil. Bastante superior ao recorde chinês, portanto. Se observada as diferenças demográficas entre os dois países, a diferença é ainda maior, já que a população chinesa é cerca de seis vezes e meia superior à brasileira.
Nesta segunda-feira (4), o Brasil registrou 165 mortes e 13.361 casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Contudo, os estados da Bahia, Piauí e Roraima não haviam divulgado seus dados até o fechamento dessa matéria. Por sua vez, a média diária de mortes calculada em sete dias está em 194, pelo segundo dia abaixo marca de 200 óbitos diários. Já a média de novos casos caiu para 22.922.
Tradicionalmente, aos finais de semana e às segundas, os dados da pandemia são defasados em razão de limitações nos estados e municípios para a apuração dessas informações. Desde o início da pandemia, em março de 2020, o país soma 660.312 mortes pela covid-19 oficialmente registradas, além de pouco mais de 30 milhões de casos.