O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), registrou na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um medicamento considerado inovador e mais eficaz do que os atualmente disponíveis para o tratamento da malária: a Primaquina. O produto já era encontrado no portfólio do instituto, mas passou a ter uma nova concentração, avaliada como mais moderna, estável e segura para os pacientes.
Com o registro aprovado pela Anvisa, a população brasileira ganha acesso ao tratamento completo da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária (PNCM). Isso garante maior avanço da luta contra a malária no Brasil.
A Primaquina já fez parte do portfólio institucional de Farmanguinhos, mas possuía outra composição. Com o avanço da ciência, o advento de novas tecnologias e as recentes alterações nas legislações, surgiu a chance de melhorar o fármaco e ofertar um produto que gerasse melhor desempenho para o tratamento da patologia.
Isso motivou Juliana Johansson, responsável pelo Departamento de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico da unidade de Farmanguinhos/Fiocruz, que se debruçou sobre o estudo como objeto da sua dissertação para o Mestrado Profissional em Gestão, Pesquisa e Desenvolvimento na Indústria Farmacêutica.
De acordo com Juliana, ao longo do processo de pesquisa para atualizar a composição da Primaquina, foram estudados outros medicamentos, contendo o mesmo principio ativo, que estão disponíveis no exterior. E, após muitos testes, o resultado foi melhor do que o esperado.
“Conseguimos chegar a um patamar de qualidade superior a todos os outros produtos disponíveis internacionalmente. A nossa formulação nacional, desenvolvida pela Fiocruz, é de melhor desempenho dentre todas que foram estudadas”, afirmou.
Para que o registro fosse aprovado, a Anvisa pediu estudos complementares com intuito de verificar a eficácia da nova formulação. Nesta etapa, a agência classificou a Primaquina como um medicamento inovador.
“Após o tramite regulatório, houve a concessão do registro da dose de 15mg [do Primaquina]. E, agora em fevereiro, Farmanguinhos recebeu autorização da dose de 5 mg também. Com isso, o Farmanguinhos passará a entregar aos pacientes do SUS um medicamento mais moderno, estável e com eficácia e segurança incrementadas”, pontuou a chefe do Departamento de Gestão de Desenvolvimento Tecnológico da unidade.
A iniciativa torna-se ainda mais necessária por causa da falta de medicamentos no combate à malária no país. Por vários anos, o SUS teve que comprar produtos importados e não recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como procedimento emergencial, sem comprovação de segurança e eficácia no país. No entanto, ultimamente nem os importados estavam disponíveis.
Panorama no Brasil
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a malária é considerada um grave problema de saúde pública no mundo, sendo uma das doenças de maior impacto na morbidade e na mortalidade da população dos países situados nas regiões tropicais e subtropicais do planeta.
Em 2021, o Ministério da Saúde informou que o Brasil registrou um total de 145.188 casos da doença, que é endêmica na região da Amazônia – que apresentou quase 40% dos casos.
A doença é transmitida pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, que pica o ser humano, que, por sua vez, se transforma em hospedeiro do protozoário. Se um mosquito não infectado picar uma pessoa contaminada, ele passa também a transmitir a malária. Os sintomas mais comuns da doença são febre alta, calafrios e falta de apetite.
A produção de medicamentos com qualidade, segurança e eficácia é fundamental para atender às demandas nacionais e internacionais, com o objetivo de subsidiar a assistência farmacêutica no âmbito da saúde pública.
Edição: Rodrigo Durão Coelho