Existem centenas de frutas de cada bioma que podem beneficiar a saúde e alimentação
Quantas estações cabem no Brasil? Desde o dia 21 de março entramos no outono no hemisfério sul. E como falar em uma única estação, em um país tão diverso, com seus diferentes biomas, climas e características? Então falaremos aqui de "outonos" e os alimentos mais propícios para essa época do ano.
O outono também é conhecido por ser uma época de seca. As chuvas recorrentes do verão já foram embora e há uma diminuição da umidade do ar. E, justamente por esse motivo, o número de casos de problemas respiratórios aumenta nesse período.
Segundo a nutricionista Jessica Stein, especializada em alimentação a base de plantas e veganismo, toda vez que se leva em conta a sazonalidade dos alimentos, há um enorme benefício nutricional, pois eles são mais adequados para estação.
“Em uma estação que há mudança de temperatura ao longo do dia, que começa às vezes muito gelado, depois do meio da tarde é bastante quente, os alimentos dessa estação trazem muita riqueza de vitamina C, por exemplo, que serve de proteção ao sistema imunológico. Então respeitando a sazonalidade dos alimentos, além desses alimentos da época serem mais fáceis de serem encontrados, consumi-los pode-se potencializar a parte nutricional de proteção para a saúde”, explica.
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Para os especialistas, com a alta dos preços, o melhor é comprar em feiras e direto do produtor
No caso das frutas, abril é época de cajá, acerola, carambola e banana, mas também do limão, da laranja e da mexerica. Para o biólogo e mestre em ciências ambientais pela USP Rafael Sposito, é preciso ampliar o leque de opções para não ficar restrito apenas às frutas conhecidas e incorporar variedades regionais.
“O Brasil é o país de maior diversidade biológica do planeta e as plantas contribuem significativamente para isso. Para além das frutas mais comercializadas, como pera, manga e as cítricas, existem centenas de outras frutas locais, de cada região, que podem beneficiar a saúde e alimentação”.
Sposito comenta alguns frutos nativos que podem ser mais consumidos de acordo com cada bioma. Na Mata Atlântica, a palmeira jussara dá frutos parecidos com o açaí, pitaya e mandacaru. Na caatinga há o maracujá da caatinga, umbuzeiro e caju; nos Pampas, araçá e goiaba-serrana, e no Pantanal, a partir de manduvi, uma semente nutritiva e pitomba.
Piquiá-amazônico se difere do pequi por não ter espinhos no caroço / Governo do Amazônas
“No cerrado, tem o murici que também é uma outra árvore que dá uma frutinha bem gostosa e que frutifica agora também no outono, entre os meses de abril de junho. Outra é o gurguri que ocorre no cerrado e também em áreas de Mata Atlântica. Também frutificando nessa mesma época na Amazônia, tem o piquiá que lembra o pequi, cacau e o buriti que também é outro fruto bastante apreciado que aliás tem uma distribuição ampla pelo Brasil em lugares mais úmidos, mas na Amazônia também tem bastante”.
Apenas 24,1% dos brasileiros ingerem a quantidade de frutas e hortaliças recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Com a elevação do preço dos alimentos esse consumo pode ser reduzido ainda mais. A nutricionista Jéssica Stein ressalta que tem sido um desafio prescrever alimentos in natura por conta da alta dos preços. Segundo ela, um bom jeito de driblar os preços é fazer uma compra programada em feiras e direto do produtor.
“Para consumir alimentos com menos agrotóxico e com preço melhor devemos esquecer o supermercado que é onde tem os preços mais altos e pensar mais nas feiras ou buscar o alimento diretamente do produtor local, onde vamos conseguir os alimentos frescos e principalmente com preço legal. Às vezes pensamos ‘nossa, como orgânico é caro!́, mas estamos olhando o preço do supermercado que infelizmente é muito caro”.
Para conhecer mais sobre os alimentos regionais acesse a publicação - Alimentos Regionais Brasileiros - do Ministério da Saúde, que divulga a diversidade de frutas, hortaliças, leguminosas, tubérculos, cereais e ervas existentes no Brasil. Além disso, apresenta variedades típicas em cada uma das cinco macrorregiões e receitas, ressaltando a riqueza da diversidade da alimentação brasileira.
Edição: Douglas Matos
