A Amazônia perdeu 687 quilômetros quadrados de vegetação nos três primeiros meses de 2022, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgados nesta semana.
Segundo a entidade, é a segundo maior acumulado para o período dos últimos 15 anos. Mesmo assim, o vice-presidente Hamilton Mourão, também chefe do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), vê a situação com otimismo.
Mourão disse que espera uma "melhora significativa" nos índices de devastação. “Agora vai melhorar porque muita gente foi presa, muito equipamento foi destruído, muito equipamento confiscado, teve embargo. Várias medidas foram tomadas. Então, acredito que nesse segundo trimestre nós vamos ter uma melhora significativa”, afirmou ao UOL.
Desde que o Imazon começou a monitorar o desmatamento da Amazônia Legal com imagens de satélite, em 2008, o desmatamento no primeiro trimestre deste ano ficou atrás apenas do registrado no mesmo período do ano passado. A área desmatada é equivalente ao território de Salvador (BA).
Na comparação com 2021, a perda de cobertura vegetal no trimestre foi 42% menor. A explicação, segundo o Imazon, é que os aumentos nos meses de janeiro e fevereiro foram seguidos por uma queda de 85% no mês de março.
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Os dados são de uma ferramenta de monitoramento do Imazon baseada em imagens de satélite. A conclusão está em sintonia com os estatísticas oficiais do governo federal através divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Nos cálculos do Instituto, os três primeiros meses de 2022 bateram recorde em alertas de desmatamento no histórico recente. O Inpe apontou 941,34 quilômetros quadrados de floresta perdidos. O número supera os 796,95 quilômetros quadrados de destruição registrados no primeiro trimestre de 2020, o pior registro da série histórica até então.
Militarização do combate ao desmatamento
“Janeiro e fevereiro foram muito ruins, apesar de todas as operações que a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança, o Ibama e o ICMBio realizaram. Mas foi um período ruim”, reconheceu o vice-presidente.
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No governo de Jair Bolsonaro (PL), os militares ganharam protagonismo inédito na política de combate ao desmatamento na Floresta Amazônica. O presidente engavetou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm) e centralizou a coordenação da fiscalização ambiental no Exército.
O Conselho Nacional da Amazônia Legal é composto exclusivamente por militares, sem representantes de órgãos de monitoramento ou da sociedade civil.
Enquanto isso, órgãos ambientais federais especializados passaram por um processo de sabotagem, com cada vez menos orçamento e mais normas internas que dificultam ações de combate a crimes ambientais.
Edição: Felipe Mendes