A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou a nota publicada pelo Ministério da Defesa em resposta a críticas feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso de que as Forças Armadas estão sendo "convocadas" a desacreditar o processo eleitoral.
Em publicação em sua conta no Twitter, a deputada federal pelo Paraná afirmou que os militares que apoiam a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o processo eleitoral estão "destruindo por dentro a hierarquia e a credibilidade das Forças Armadas".
Gleisi disse ainda que "garantir a realização de eleições livres e limpas passou a ser a prioridade no país, desde que Bolsonaro voltou a mostrar suas garras golpistas".
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"Não cabe ao ministro da Defesa opinar sobre o processo eleitoral. Não cabe aos comandantes militares tutelar o processo político, muito menos ameaçar as instituições, como fez Vilas-Boas para prender Lula em 2018 e repete agora o general Paulo Sérgio", escreveu a presidente do PT.
"Garantir a realização de eleições livres e limpas passou a ser a prioridade no país, desde que Bolsonaro voltou a mostrar suas garras golpistas. Comandantes que se envolvem nessa aventura estão destruindo por dentro a hierarquia e a credibilidade das Forças Armadas", afirmou Gleisi.
1)Não cabe ao ministro da Defesa opinar sobre o processo eleitoral. Não cabe aos comandantes militares tutelar o processo político, muito menos ameaçar as instituições, como fez Vilas-Boas para prender Lula em 2018 e repete agora o general Paulo Sérgio
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) April 25, 2022
Entenda ofensiva dos militares contra as eleições
A tensão entre os militares e o STF ganhou mais um capítulo no final de semana. O ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, chamou de "irresponsável" e "ofensa grave" a declaração deste domingo (24) de Luís Roberto Barroso, magistrado da Corte, sobre ataques dos militares ao sistema eleitoral brasileiro.
Em nota divulgada no site do Ministério da Defesa, Oliveira declarou que “afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas Instituições Nacionais Permanentes do Estado Brasileiro”. O ministro também afirmou que a fala de Barroso “afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições”.
::Forças Armadas "estão sendo orientadas" a atacar processo eleitoral, diz Barroso::
O ministro do STF, ao participar neste domingo do "Brazil Summit Europe 2022", evento realizado pela Hertie School, na Alemanha, disse que há a tentativa de transformar as Forças Armadas em um “varejo da política”, o que seria uma “tragédia” para o país.
"Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?", questionou.
A contenda se soma à carta publicada no sábado (23) por militares da reserva das Forças Armadas na qual afirmam que o STF vive sob o vértice do partidarismo político. Os responsáveis também defenderam o indulto concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos e nove meses de prisão por ameaças aos ministros do STF e a defesa do fechamento da Corte.
"Arrogando-se o direito de, sem cerimônias, interferir nas atribuições dos demais Poderes que constituem o Estado Brasileiro, decidiu recentemente aquele Tribunal punir, de modo injusto e desproporcional, um parlamentar que, de forma insultuosa, emitiu opinião sobre a corte e alguns de seus integrantes", afirmam o presidente do Clube Naval, almirante de Esquadra Luiz Fernando Palmer Fonseca, o presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa, e o presidente do Clube de Aeronáutica, major brigadeiro do ar Marco Antonio Carbalo Perez.
"Contrariamente ao que se espera de uma corte constitucional, o STF vem há tempos propagando notórias e repetidas demonstrações de partidarismo político em suas interpretações da Constituição Federal e, até mesmo de modo surpreendente, manifestando publicamente preferências partidárias", declararam.
Edição: Vivian Virissimo