Diferente de outros estados nordestinos, embalados pelo forró, no Maranhão o destaque do São João é o bumba meu boi. Na festa, é realizado um cortejo com apresentações e é feita uma encenação através de uma narrativa conhecida como o Auto do Boi, podendo ter também competições entre os diferentes grupos.
Apesar das festividades acontecerem apenas no período junino, a preparação para as celebrações já começou. “No Sábado de Aleluia, que é antes do domingo de Páscoa, todos os bumba meu boi começam suas atividades. Então, até 13 de junho, principalmente os grupos tradicionais trabalham na questão dos ensaios, renovação das indumentárias, construção e criação de toadas que são as músicas cantadas no bumba meu boi. Então, esse é um período de preparação”, destaca Nadir Cruz, mestra do grupo Boi da Floresta, que tem sede no Quilombo Urbano Liberdade, em São Luís (MA) e já existe há 50 anos.
Enraizado no cristianismo e no catolicismo, a celebração do bumba meu boi segue até setembro e envolve a devoção a São João, São Pedro e São Marçal. Só na capital maranhense existem mais de cem grupos de bumba meu boi, onde cada um deles possui um sotaque, uma forma de se expressar, uma vestimenta, uma coreografia e uma escolha de instrumentos próprios e que expressa sua singularidade.
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Um desses grupos é o Boi do Encanto São Cristóvão, cujos integrantes não veem a hora de voltar às ruas depois de dois anos sem apresentações devido à pandemia de covid-19.
“A expectativa é grande que a gente apresente, mostre a nossa cultura, porque a população, os nossos integrantes, todos nós estamos sedentos de cultura né? Então a expectativa é grande demais, é boa demais, a gente tá naquele período de bordados, de finalização de detalhes. Então a gente tá fazendo o máximo possível pra que até o dia 1º de junho a gente já esteja com tudo pronto pra que até o dia 8 a gente já esteja batizando e participando ativamente do São João”, afirma a fundadora Edylene Sena.
Essa celebração é tão importante que em 2011 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) declarou o bumba meu boi como Patrimônio Cultural do Brasil. Já em 2019, a festa foi eleita Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Esse reconhecimento fortalece as comunidades e promove a valorização da cultura centenária que existe no Maranhão em todo o País e no mundo.
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Outra representação que marca a história da festa é o Boi da Maioba, que tem 125 anos e é considerado um dos maiores do Maranhão. Sua celebração já chegou a se estender do Carnaval até o São João.
“Há 19 anos, eu criei o CarnaBoi. Você já imaginou em meio ao carnaval que é uma festa popular estupenda, gostosa em todo canto do Brasil, praticamente do mundo, e você implantar o bumba boi dentro dessa festa? Eu consegui fazer isso! Criei o CarnaBoi, a gente começa o carnaval e depois insere o bumba boi dentro da festa do carnaval”, destaca o mestre do Boi Maioba, José Inácio, que conclui: “É algo fantástico em aceitação do público e contagiante, de modo que nós estamos nessa luta fazendo com que as pessoas possam transpirar e respirar o bumba meu boi o ano inteiro”.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga