“No tempo do Lula, o evangélico comia e ganhava mais”. A afirmação foi do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista coletiva a veículos independentes e youtubers nesta terça-feira (26). A afirmação pode ser comprovada de acordo com alguns dados estatísticos.
Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em janeiro de 2020, 48% dos evangélicos ganham até dois salários mínimos, enquanto 21% recebem entre dois e três salários. Esse público foi diretamente beneficiado pela política de valorização do salário mínimo iniciada em 2004 após campanha das centrais sindicais.
Em maio de 2005, o valor do mínimo passou de R$ 260 para R$ 300, em um aumento de 11,5%, bem acima da inflação, que ficou em 7,6% em 2004, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos anos seguintes, a valorização continuou: em 2006 o mínimo subiu para R$ 350 (alta de 11,7%, enquanto a inflação ficou em 5,69% no ano anterior). Em 2007, reajuste de 10,9% no salário mínimo, que chegou a R$ 380. A inflação registrada no ano anterior ficou em 3,14%. Durante os governos petistas de Lula e Dilma Roussef, o aumento real (acima da inflação) do salário mínimo foi de 59,2%.
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O Governo estabeleceu, à época, uma política permanente de valorização do mínimo que iria até 2023, após negociações com as centrais e outras entidades e setores da sociedade. Essa política tinha como critérios o repasse da inflação do período entre as suas correções, mais um aumento real calculado a partir da variação do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Dilma transformou a regra em lei, que valeu entre 2015 e 2016. Na sequência, entre 2016 e 2018, Michel Temer (MDB), que governou após o impeachment da petista, não mudou a legislação, mas acabou por não conceder aumento real, visto que o PIB brasileiro não apresentou crescimento.
População evangélica é predominantemente feminina e negra
O levantamento do Datafolha aponta ainda que 59% dos evangélicos se declaram negros ou pardos, e 58% são mulheres. Lula disse que quer conversar com estas pessoas.
“Os evangélicos têm uma importância muito grande na sociedade, mas também no cuidado da família, porque geralmente são mulheres. Nós temos que conversar com o povo, o homem e a mulher evangélica, discutir com eles a situação do Brasil. Os evangélicos nunca foram tão respeitados neste país como no meu governo”, afirmou o ex-presidente.
“Nós não podemos confundir o povo evangélico com alguns pastores. O povo evangélico é muito grande nesse país e não é menos inteligente. Eles são espertos, inteligentes, cuidam da família como se deve cuidar”, complementou.
Edição: Felipe Mendes