Servidores públicos do Paraná realizaram, nesta sexta (29), um dia de protestos e paralisação das atividades em alguns setores para pressionar o governo Ratinho Junior (PSD) pelo pagamento da data-base e contra a retirada de direitos.
O Ato Público que ocupou as ruas centrais de Curitiba também rememorou o massacre dos grevistas ocorrido em 2015, quando os servidores estavam mobilizados em Curitiba para impedir a aprovação pela Assembleia Legislativa do Paraná do confisco de R$ 5 bilhões da Paraná Previdência, uma das medidas previstas no “Pacote de Maldades” do então governo Beto Richa (PSDB).
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“O 29 de abril, desde 2015, vem sendo marcado como um dia de lutas. Em 2015, houve um massacre da polícia contra os servidores que se manifestavam. De lá para cá estamos fazendo a resistência em defesa dos serviços públicos, a luta para que toda a população paranaense tenha um serviço público de qualidade, apesar do Governo Ratinho Jr., que vem nos massacrando retirando direitos e a nossa condição de prestar um serviço de qualidade para todos”, disse Marlei Fernandes, presidente do Fórum de Entidades Sindicais (FES).
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Diferentes categorias do funcionalismo público estavam presentes no ato para, além de marcar a data como um dia de luto pelo massacre sofrido em 2015, também reivindicar a pauta unificada pelo pagamento da data-base.
Para a presidente da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná, Walkíria Olegário Mazeto, os trabalhadores continuam sendo massacrados. “A cada ano vai mudando o tipo de violência contra nós, os servidores públicos. Neste ano, estamos unificados com todas as categorias pela luta da data-base, da reposição inflacionária que já chega a 35%”, explicou.
Segundo nota da assessoria técnica do FES, desde 2017 o governo não zera a inflação na data-base de servidores. Os reajustes no período 2017-2022 foram a reposição parcial de 2% em janeiro de 2020 e 3% em janeiro de 2022. Com isso a defasagem salarial acumulada até abril é estimada em 36,15%, com custo estimado de R$ 9,4 bilhões.
Isso significa que os servidores e as servidoras perderam 11,03 salários nesse período pela não aplicação dos reajustes devidos. Nos próximos doze meses, a estimativa é que esses trabalhadores perderão quase metade do seu salário – equivalente a 4,8 salários -, ou seja, o servidor leva para casa 8,51 salários dos 13,33 salários que recebe anualmente.
Destruição do serviço público
Além do pagamento da data-base, servidores também reivindicaram a retirada imediata do desconto previdenciário para os aposentados, que passou de 11% para 14%. E também trouxeram pautas especificas de cada categoria e denúncias sobre a omissão do governo na valorização do serviço púbico.
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A presidente do SindSaúde, Olga Estefânia, disse que os trabalhadores da saúde também estão nas ruas em repúdio à omissão do governo com a categoria.
“Estivemos na linha de frente no combate à pandemia, muitos de nós morreram, outros ficaram doentes pela doença [coronavírus], mas também pelas más condições de trabalho, assédio moral, ausência de férias, de funcionários, de concurso público e defasagem salarial que se manteve mesmo na pandemia. Tivemos reconhecimento da população, mas não do Estado”, afirmou.
Já para o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindarspen), Ricardo Miranda, a data e a manifestação dos servidores refletem o descaso do governo estadual com o serviço público.
“Nós temos um governo que se recusa a dialogar e que tenta destruir os sindicatos e desmobilizar as categorias. Por isso, é importante estarmos aqui na rua para trazer essa reflexão à sociedade, do quanto o descaso do governo implica na vida da população”, destacou.
Após a caminhada, que saiu da Praça 19 de Dezembro e foi até em frente ao Palácio Iguaçu, representantes do FES aguardavam serem recebidos pelo governo para, mais uma vez, tentar negociar a pauta de reivindicações do funcionalismo público.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini