EM SOLÂNEA (PB)

Em Marcha, agricultoras paraibanas dizem 'não' aos parques eólicos

13° Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia reúne 5 mil mulheres e abre alas para a luta nas ruas da PB

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
13° Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia. - Priscila Kelly

Mais de 5 mil mulheres participaram nesta segunda-feira (2) da 13ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, na cidade paraibana de Solânea. O foco da manifestação foi a denúncia sobre problemas causados pela instalação de parques eólicos em áreas rurais. A maior parte das participantes vive e trabalha nos 13 municípios que fazem parte da região da Borborema, agreste paraibano. Mas o ato contou também com mulheres de outras regiões da Paraíba e algumas vindas do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná. 

“Com a Marcha, queremos debater com a sociedade o que acontece com as comunidades rurais a partir do olhar das mulheres que vivem no campo. Queremos também dialogar com nossos governantes sobre o modelo de geração de energia que a gente quer no nosso território. A gente não é contra as energias renováveis, mas contra a indústria energética que se instala pertinho das nossas casas, nos nossos roçados, nas nossas comunidades”, comenta Maria do Céu Silva, uma das lideranças do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Solânea e do Polo da Borborema, entidade que reúne 15 sindicatos de trabalhadoras e trabalhadores rurais.

Assim como grandes usinas solares, os parques eólicos, quando instalados, promovem uma série de perturbações para as famílias rurais, tirando delas o sossego, a saúde e a autonomia para gerir a sua terra. Entre os principais problemas estão a poeira, a limitação de espaço de terra para plantio por causa das fiações subterrâneas e as próprias torres, que, com o passar do tempo se desgastam e quebram, oferecendo risco aos moradores na queda.

Nem a chuva forte, que caiu no momento em que as mulheres partiram em marcha, impediu a manifestação. Antes do encerramento, a coordenação apresentou uma carta e assumiu o compromisso de transformá-la em instrumento de incidência junto ao governo da Paraíba, deputados estaduais e prefeitos para o diálogo e construção de um projeto de produção de energia que leve em consideração a qualidade de vida da população do campo.

O documento reafirma os potenciais do território que conquistou sua soberania alimentar e explica os motivos de as mulheres se posicionarem firmemente contra as indústrias eólicas que querem se instalar no território. O texto ressalta, ainda, a necessidade de medidas protetivas que o Estado deve adotar para proteger as famílias rurais das violações de seus direitos. Destaca também a necessidade de ampliar o debate na sociedade sobre a geração de energia que também contemple a visão das mulheres agricultoras defensoras dos territórios e da biodiversidade.


Peça de teatro sobre o perigo dos parques eólicos, encenada antes da saída da Marcha. / Heloisa de Sousa

Confira a seguir o mar de mulheres na cidade de Solânea, durante a 13° Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia.

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Heloisa de Sousa e Felipe Mendes