Após dias de trocas e alinhamentos estratégicos entre representantes de movimentos populares da América Latina e do Caribe, a 3ª Assembleia Continental da Alba (Alternativa Bolivariana para a América) Movimentos foi concluída neste fim de semana com um plano de ação.
Os debates estiveram relacionados, principalmente, ao caráter internacionalista da luta contra o neoliberalismo e suas consequências econômicas, sociais e ambientais, e também aos processos de descolonização dos territórios e das subjetividades.
O documento resultante da Assembleia tem o objetivo de orientar o trabalho político da militância para os próximos quatro anos, quando deve acontecer o próximo encontro dos movimentos integrantes e vinculados à Alba.
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O reencontro físico em Buenos Aires, diante dos últimos dois anos de pandemia de covid-19, foi tomado como uma oportunidade também de intercambiar experiências em um momento não apenas de endurecimento das direitas e ultradireitas na região, como também do fortalecimento das ações comunitárias. “Nossa América nos permitiu ver que a solidariedade, a comunidade e a crença profunda no coletivo fazem parte do DNA continental”, destacaram, ao apresentar o documento na tarde do último sábado (30).
Cerca de 50 organizações foram representadas nos plenários de debate com temáticas como economia, internacionalismo, feminismos e comunicação. Em conclusão, as prioridades e desafios foram sintetizados em sete pontos no documento final.
Destaca-se a defesa dos processos de transformação mais radicais da região latino-americana, remetendo aos heróis das revoluções da região, e a consolidação de alianças com governos progressistas, populares e de esquerda, partindo da autonomia e liberdade de ação dos povos e suas expressões organizativas.
Massificar o internacionalismo nas bases das organizações sindicais, camponesas, indígenas, afrodescendentes, entre outros, é outro ponto destacado, assim como reforçar o Sistema Continental de Formação Política e campanhas de solidariedade e brigadas internacionais.
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Reconhecendo os processos de descolonização ainda inconclusos na região, o documento estabelece como eixo de ação o apoio e o estímulo a esses territórios, retomando o legado das revoluções de independência da região. Dessa forma, chamam à defesa dos territórios em disputa das Ilhas Malvinas, na Argentina, da Guiana Essequiba, na Venezuela, de Guantánamo, em Cuba, e da Ilha de Navassa, no Haiti.
Além disso, o documento destaca a articulação regional da Alba Movimentos com a Assembleia Internacional dos Povos (AIP), expressão da unidade política de Ásia, África, região árabe do Magreb africano, Europa, América do Norte e América Latina e Caribe. “A integração e unidade internacionalista da nossa região é condição necessária, mas não suficiente para enfrentar o sistema capitalista global”, descreve o documento, fazendo um chamado à articulação entre regiões.
Por fim, o plano de ação aponta para “o fortalecimento de uma estrutura orgânica que permita atuar de forma unitária na nossa articulação”, fazendo referência aos grupos de atuação formulados por nacionalidade e reconhecidos na articulação como “capítulos”. Nesse sentido, buscam priorizar a unidade na diversidade de iniciativas, como as escolas de formação, as campanhas de solidariedade, os processos comunicacionais, as brigadas internacionais, entre outros.
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Como país sede desta edição da Assembleia da Alba Movimentos, a sujeição que implica a entrada do Fundo Monetário Internacional (FMI) nos países do sul global também foi um assunto transversal nos debates destes cinco dias. Atualmente, a Argentina se encontra em uma encruzilhada em relação à pouca autonomia para implementar políticas econômicas para sua população, isso entre os altos índices de pobreza e desemprego efeitos das políticas neoliberais do ex-presidente Mauricio Macri e também consequências da pandemia.
Edição: Arturo Hartmann