Enquanto a guerra na Ucrânia completa 75 dias, a Rússia comemora neste 9 de maio o Dia da Vitória, importante feriado nacional que celebra a vitória sobre a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial. A correspondência entre os eventos foi marcada por rumores de que o presidente russo, Vladimir Putin, poderia anunciar novos rumos para o conflito com a Ucrânia.
Ao discursar nesta segunda (9) durante a parada militar na Praça Vermelha, em Moscou, Putin parabenizou os veteranos que lutaram pela libertação do país dos nazistas na Grande Guerra Patriótica (como a 2ª Guerra Mundial é chamada na Rússia). Em seguida, passou a falar sobre o conflito na Ucrânia, justificando a intervenção no país vizinho, iniciada em 24 de fevereiro deste ano.
"Assim como agora, hoje vocês estão combatendo pelo nosso povo em Donbas. Para a segurança de nossa pátria - a Rússia", declarou Putin ao se dirigir aos militares.
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O presidente russo lembrou que a Rússia propôs à OTAN e aos Estados Unidos que concluíssem um acordo sobre garantias de segurança, apelando ao Ocidente para ter um diálogo transparente e encontrar um compromisso, levando em conta os interesses de ambas as partes.
"Em dezembro do ano passado, propusemos concluir um acordo sobre garantias de segurança. A Rússia convocou o Ocidente a um diálogo honesto, a buscar soluções razoáveis e de compromisso, a levar em conta os interesses de cada um. Tudo em vão. Os países da OTAN não quiseram nos ouvir, o que significa que de fato tinham planos completamente diferentes", disse.
Segundo ele, a Ucrânia estava se preparando para uma "operação punitiva" na região de Donbas e para uma invasão da Crimeia. Além disso, Putin citou que Kiev falou abertamente sobre a possível aquisição de armas nucleares, enquanto a OTAN iniciava "desenvolvimento militar ativo" dos territórios adjacentes à Rússia.
"A Rússia deu uma resposta preventiva contra a agressão", disse Putin, mais uma vez formulou sua posição de justificativa do ataque à Ucrânia. Segundo ele, foi "a única decisão certa" tomada por um país "soberano".
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Anteriormente, foi criada uma enorme expectativa sobre o discurso de Putin durante a parada militar. Por um lado, especulou-se que, pressionado por não apresentar êxitos militares substanciais em mais de dois meses de conflito, Putin poderia anunciar uma intensificação dos combates no leste da Ucrânia, na região de Donbas.
Por outro lado, foi o secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, que declarou que "não ficaria surpreso" se Putin dissesse que a Rússia está agora "em guerra com nazistas de todo o mundo" e anunciasse a necessidade de um recrutamento em massa, declarando oficialmente guerra contra a Ucrânia.
Zelensky: Ucrânia terá "dois Dias da Vitória" em breve
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também se pronunciou neste 9 de Maio, fazendo duras críticas à Rússia e à intervenção de Vladimir Putin em seu país.
De acordo com ele, "esta não é uma guerra de dois exércitos, é uma guerra de duas visões de mundo". "Eles têm medo de nossa filosofia - que somos pessoas livres, seguindo nosso próprio caminho. Temos orgulho de nossos ancestrais e não permitiremos que ninguém se aproprie dessa vitória", afirmou.
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"O inimigo sonhou que nos recusaríamos a celebrar o 9 de Maio, para que assim a palavra 'desnazificação' tivesse uma chance de fazer sentido. Mas lembramos como nossos ancestrais expulsaram os nazistas da Ucrânia. No Dia da Vitória sobre o nazismo, lutamos por uma nova vitória", acrescentou Zelensky.
O presidente ucraniano disse ainda que, em breve, a "Ucrânia terá dois Dias da Vitória, enquanto alguém não terá nenhum".
Edição: Arturo Hartmann