Assassinato

Jornalista palestina é morta a tiros pelo exército de Israel durante cobertura na Cisjordânia

Shireen Abu Akleh estava cobrindo uma invasão armada a um campo de refugiados palestinos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Shireen Abu Akleh, correspondente da Al Jazeera, foi morta, nesta quarta-feira (11), durante cobertura da invasão armada do exército de Israel em campo de refugiados palestinos na Cisjordânia - AFP

A jornalista palestina Shireen Abu Akleh foi morta nesta quarta-feira (11) pelo exército israelense enquanto cobria uma ação armada em um acampamento de refugiados palestinos na Cisjordânia. Apesar de usar um colete a prova de balas, a correspondente da cadeia televisiva Al Jazeera levou um tiro no rosto enquanto cobria o ataque ao campo de Jenin. A correspondente palestina chegou a ser levada com vida a um hospital na região, mas não resistiu.

O cinegrafista Ali al-Samoudi, que a acompanhava, foi ferido nas costas, mas está em condição estável.

"Nós íamos filmar o ataque do exército israelense e, de repente, eles atiraram em nós sem nos pedir para sair ou parar de filmar. A primeira bala me acertou e a segunda acertou Shireen. Não houve resistência militar palestina no local", relatou Ali al-Samoudi.

A Al Jazeera publicou um comunicado denunciando o caso como um "assassinato a sangue frio" e exigindo que a comunidade internacional responabilize Tel Aviv.

O primeiro-ministro israelense Naftali Bennett tenta culpar os palestinos pela morte da jornalista. "De acordo com as informações que coletamos, parece provável que palestinos armados – que estavam atirando indiscriminadamente – foram os responsáveis ​​pela infeliz morte do jornalista", disse em comunicado.

Já o ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, ofereceu uma investigação conjunta com autoridades palestinas.

 :: Artigo | 74 anos da divisão da Palestina sem consulta a seu povo ::

O porta-voz da Autoridade Palestina, Ibrahim Milhim, disse que seu governo rejeita qualquer participação de Israel nas investigações sobre o assassinato de Abu Akleh.

"Quando o criminoso tem o direito de participar da investigação contra sua vítima?" disse à Al Jazeera.

O Ministério da Informação palestino publicou um comunicado dizendo que intensificará os esforços "para garantir a responsabilização da ocupação israelense por seus crimes contra jornalistas", denunciando que este não seria o primeiro caso de agressão.

Os relatos de outros repórteres que estavam cobrindo a invasão armada ao campo de Jenin confirmam abusos do exército israelense.

"Ficamos chocados com a munição real disparada contra nós, chegamos a uma área que não nos permitiu recuar", contou à Al Jazeera a repórter Shatha Hanaysha.

O Sindicato dos Jornalistas da Palestina denunciou a morte de Abu Akleh como “um claro assassinato perpetrado pelo exército de ocupação israelense”. Da mesma forma, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) informou, em comunicado, que levará a denúncia ao Tribunal Penal Internacional.

O enviado especial da ONU para processo de paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, condenou o caso e pediu que os responsáveis sejam penalizados, "trabalhadores da mídia nunca devem ser alvos". A União Europeia também pediu uma investigação rápida e independente "para levar os responsáveis à justiça". 

Com quase 30 anos de carreira, Shireen Abu Akleh, era considerada uma veterana correspondente de televisão que se tornou um nome conhecida no Oriente Médio por sua cobertura do conflito israelo-palestino.

A morte da jornalista acontece cerca de um ano depois que a sede da Al Jazeera na Faixa de Gaza foi bombardeada. Segundo levantamentos de meios de comunicação independentes, somente em 2021, foram registradas 384 violações a jornalistas que trabalhavam em zonas palestinas ocupadas por Israel.

*Com informação de Al Jazeera, WAFA e Telesur

Edição: Thales Schmidt