No Chile, foi confirmada a morte da jornalista Francisca Sandoval, nesta quinta-feira (12), após ser baleada durante os atos do 1º de maio em Santiago. A repórter cobria os atos do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora para o canal comunitário TV Sinal 3 da região de La Victoria, na capital chilena, quando sofreu um tiro na cabeça. Ela esteve internada durante 12 dias, em estado grave, passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
O laudo médico do Hospital de Urgência Assistência Pública informou que a morte foi produto de um traumatismo craniano pelo efeito da bala.
Os disparos ocorreram depois de um confronto entre manifestantes e comerciantes locais. Vídeos de câmeras de segurança mostram que os atiradores teriam dialogado com a polícia antes de efetuar os disparos. Três pessoas foram atingidas, mas apenas Francisca Sandoval teve ferimentos graves;
O suspeito de ter atirado, Marcelo Naranjo, possui antecedentes por tráfico de drogas, e agora cumpre prisão preventiva, acusado de porte ilegal de arma e disparos injustificados.
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O canal comunitário Sinal 3 La Victoria afirma que a profissional foi assassinada e cobra justiça. O caso gerou polêmica no país e manifestantes exigem que o Estado investigue o papel da polícia no distúrbios.
A ministra do Interior, Iskia Sichez, lamentou o falecimento da jornalista e afirmou que o caso "fala sobre o momento que o país atravessa e do quanto é necessário voltar a um ambiente de maior ordem, o que requer vontade de distintos setores", declarou em entrevista a meios locais. Movimentos defensores de direitos humanos criticaram a oficial, afirmando que estaria tirando vantagem política da situação.
O presidente Gabriel Boric havia visitado a vítima no hospital no dia 3 de maio e agora também se pronunciou dizendo que Francisca foi vítima de delinquentes, "não permitiremos impunidade".
Segundo levantamento da ONG Repórteres Sem Fronteiras, o Chile está em 88º lugar entre 180 países do ranking global sobre liberdade de imprensa.
Edição: Arturo Hartmann