Neste sábado (14), João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, foi atacado nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que distorceu uma fala da liderança do movimento sem-terra sobre o atual cenário econômico enfrentado pelo país.
Stedile concedeu, no último dia 10, uma entrevista ao programa Na Berlinda, da R3Cast, de Sergipe, e defendeu que "a crise não é do Bolsonaro, a crise é do capitalismo", portanto, o presidente da república é apenas um "fantoche".
"[Bolsonaro] não tem força própria, é um bedel, um pau mandado da burguesia".
Em sua conta pessoal do Instagram, o presidente da república publicou o trecho da entrevista em que Stedile traz este argumento, porém distorceu completamente a fala.
Bolsonaro "concordou" com Stedile no ponto que a crise econômica brasileira não é de responsabilidade do governo dele. Porém afirmou que o cenário econômico foi gerado pelas medidas de proteção contra covid-19 e da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Após a publicação de Bolsonaro, Stedile respondeu em sua conta pessoal no Twitter: "O capetão rachadinha é pretensioso. Ficou frustrado por não responsabiliza-lo pela crise. A crise é profunda e derrota-lo é a nossa 1ª tarefa. Ele não entende que é um fantoche na mão da lumpen burguesia. Será derrotado e jogado na lata do lixo por aqueles que o colocaram lá."
O capetão rachadinha é pretensioso. Ficou frustrado por não responsabiliza-lo pela crise. A crise é profunda e derrota-lo é a nossa 1ª tarefa. Ele não entende que é um fantoche na mão da lumpen burguesia. Será derrotado e jogado na lata do lixo por aqueles que o colocaram lá.
— João Pedro Stedile (@stedile_mst) May 14, 2022
Entrevista
A fala original de Stedile foi feita na última terça-feira (10). Na entrevista, a liderança do MST argumentou que "entramos em uma crise profunda do capitalismo em nível mundial."
"Há uma crise estabelecida em todo o mundo que é a crise do Estado burguês. O Estado que nós conhecíamos foi engendrado pela Revolução Francesa e expressava a vontade da burguesia industrial de organizar as relações da sociedade, mas eles precisavam de operários. Agora, o capitalismo acumula sem operários e portanto também não precisa do voto deles, o que levou a uma crise de identidade do Estado burguês que precisamos superar."
O líder do MST também analisou a relação do presidente com as elites econômicas. "Bolsonaro usa métodos fascistas, no sentido da violência, porque o fascismo era isso. Essa ideologia fascista ele tem, mas não é fruto de um movimento fascista na sociedade. Ele só chegou ao governo porque a burguesia brasileira, assustada com o aprofundamento da crise e com a possibilidade da volta do PT ao governo após o golpe que deram, optou por Bolsonaro. Mas ele em si não tem força própria, é um bedel, um pau mandado da burguesia", avaliou.
"Bolsonaro tem um discurso fascista, alimenta uma militância sectária que não é de massas, com base nesse discurso. Mas a ampla maioria da população brasileira não só não é fascista como combate o fascismo", disse, apontando que parte da oposição social feita ao presidente hoje se dá a partir dos movimentos culturais. "Caetano Veloso colocou 50 mil na praça para lutar pelo meio ambiente e para defender os indígenas", lembrou.
Confira a íntegra da entrevista:
Edição: Lucas Weber