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João Pedro Stedile responde a ataque de Bolsonaro: "fantoche"

Liderança do MST teve fala distorcida pelo presidente da república a respeito da atual crise enfrentada no país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Livro de João Pedro Stedile narra as principais experiências de reforma agrária no mundo - Rafael Stedile

Neste sábado (14), João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, foi atacado nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que distorceu uma fala da liderança do movimento sem-terra sobre o atual cenário econômico enfrentado pelo país.

Stedile concedeu, no último dia 10, uma entrevista ao programa Na Berlinda, da R3Cast, de Sergipe, e defendeu que "a crise não é do Bolsonaro, a crise é do capitalismo", portanto, o presidente da república é apenas um "fantoche".

"[Bolsonaro] não tem força própria, é um bedel, um pau mandado da burguesia".

Em sua conta pessoal do Instagram, o presidente da república publicou o trecho da entrevista em que Stedile traz este argumento, porém distorceu completamente a fala. 

Bolsonaro "concordou" com Stedile no ponto que a crise econômica brasileira não é de responsabilidade do governo dele. Porém afirmou que o cenário econômico foi gerado pelas medidas de proteção contra covid-19 e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Após a publicação de Bolsonaro, Stedile respondeu em sua conta pessoal no Twitter: "O capetão rachadinha é pretensioso. Ficou frustrado por não responsabiliza-lo pela crise. A crise é profunda e derrota-lo é a nossa 1ª tarefa. Ele não entende que é um fantoche na mão da lumpen burguesia. Será derrotado e jogado na lata do lixo por aqueles que o colocaram lá."

Entrevista

A fala original de Stedile foi feita na última terça-feira (10). Na entrevista, a liderança do MST argumentou que "entramos em uma crise profunda do capitalismo em nível mundial." 

"Há uma crise estabelecida em todo o mundo que é a crise do Estado burguês. O Estado que nós conhecíamos foi engendrado pela Revolução Francesa e expressava a vontade da burguesia industrial de organizar as relações da sociedade, mas eles precisavam de operários. Agora, o capitalismo acumula sem operários e portanto também não precisa do voto deles, o que levou a uma crise de identidade do Estado burguês que precisamos superar."

O líder do MST também analisou a relação do presidente com as elites econômicas. "Bolsonaro usa métodos fascistas, no sentido da violência, porque o fascismo era isso. Essa ideologia fascista ele tem, mas não é fruto de um movimento fascista na sociedade. Ele só chegou ao governo porque a burguesia brasileira, assustada com o aprofundamento da crise e com a possibilidade da volta do PT ao governo após o golpe que deram, optou por Bolsonaro. Mas ele em si não tem força própria, é um bedel, um pau mandado da burguesia", avaliou.

"Bolsonaro tem um discurso fascista, alimenta uma militância sectária que não é de massas, com base nesse discurso. Mas a ampla maioria da população brasileira não só não é fascista como combate o fascismo", disse, apontando que parte da oposição social feita ao presidente hoje se dá a partir dos movimentos culturais. "Caetano Veloso colocou 50 mil na praça para lutar pelo meio ambiente e para defender os indígenas", lembrou.

Confira a íntegra da entrevista:

Edição: Lucas Weber