O 20º Índice Global de Liberdade de Imprensa, elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), aponta o Brasil numa "situação sensível" com relação à liberdade de imprensa e trabalho dos jornalistas. O país está entre as dez piores situações da América Latina, aponta o relatório divulgado em 3 de maio, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Em nível global, o Brasil ocupa o 110º lugar, entre 180 países analisados.
Segundo o Índice, os jornalistas na América Latina enfrentam "um ambiente cada vez mais nocivo e tóxico". O relatório ressalta o papel de aceleradora da censura desempenhado pela pandemia, causando dificuldades econômicas para a imprensa e barreiras de acesso a informações sobre o manejo da epidemia pelos governos latino-americanos.
Quanto à realidade brasileira, a RSF afirma que o trabalho da imprensa tornou-se mais complexo desde 2018, principalmente com os ataques promovidos pelo presidentemobilizando também seus apoiadores no mesmo sentido, através das redes sociais. Ainda segundo a organização, trata-se de uma estratégia coordenada de ataques, com o objetivo de desacreditar a mídia.
Figuras públicas pró-Bolsonaro atacam a imprensa
O Sindicato dos Jornalista Profissionais do RS (Sindjors), recorda que, no Brasil, figuras públicas que apoiam o presidente operam publicamente contra os profissionais e a imprensa. O empresário Luciano Hang, por exemplo, atua judicialmente contra dezenas de jornalistas no país, tendo ingressado com pedidos de indenizações judiciais de milhares de reais.
Um caso específico, por exemplo, é do jornalista gaúcho Moisés Mendes, que responde a processos de pedidos indenizatórios que partiram do catarinense. Conforme noticiou DCM hoje, o site jornalístico e Mendes tiveram ganho de causa na terça-feira (17), em decisão proferida pela juíza Monica Lima Pereira, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). O DCM explica que Hang havia entrado com um pedido de indenização de R$ 50 mil por conta de um artigo de opinião de 2019.
Outros profissionais do país também vem sendo alvos dessa modalidade de intimidação. Samuel Costa Menezes, de Roraima; Lucas Valença (Correio Braziliense), por matéria publicada no portal UOL; a jornalista Josette Goulart e o repórter fotográfico Marcelo Chello Carneiro da Silva (por publicação no canal Lagartixa Diária); Denis Burgierman, editor-chefe do programa Greg News; Patricia Campos Mello (Folha de São Paulo); Fabio Pannunzio e Guga Noblat (ambos por publicação no twitter); Leonel Camasão (Voz da Resistência) e Mirian Leitão (GloboNews) também constam da lista do varejista, assim como José Simão e Fábio Azevedo Pannuzio.
Outro jornalista que foi alvo dos processos judiciais é Luís Nassif, cuja condenação de indenizar em R$ 20 mil o dono das Lojas Havan foi suspensa pelo ministro Dias Toffoli. Em seu despacho, o ministro diz que não existe violação a direitos de personalidade na crítica que os meios de comunicação social dirigem às pessoas públicas, “por mais dura e veemente que possa ser”.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira