A situação de João Doria enquanto pré-candidato do PSDB à Presidência da República está por um fio. Dentro da sigla, o ex-governador de São Paulo sofre pressão de todos os lados para desistir da pré-candidatura.
Nesta terça-feira (17), o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou, durante uma reunião do partido para definir o futuro da candidatura, que Doria “terá duas alternativas: o gesto da grandeza política, que alguns ainda esperam, ou permanecer neste enfrentamento – aí, obviamente, ele estará assumindo também as responsabilidades adiante”.
A Executiva do partido convidou João Doria para uma reunião que deve ocorrer nesta quarta-feira (18) para debater as dificuldades da pré-candidatura. A data era a mesma em que MDB, PSDB e Cidadania iriam anunciar a candidatura única, mas por enquanto esse movimento foi adiado.
“Vai resolver como deve-se resolver: foi feita as prévias [sic], ele ganhou – enfim, com todas as condenações que nós já fizemos à forma como o processo se deu, mas ele venceu – e que agora seja dada a ele a oportunidade de compreender que, maior do que o seu projeto presidencial é o interesse do partido. E, maior do que o do partido, o do país, que precisa do PSDB com uma candidatura colocada e competitiva”, declarou Aécio Neves à CNN.
Na segunda-feira (16), Doria acusou a cúpula do PSDB de golpe e rejeita os critérios utilizados pelo seu partido, MDB e Cidadania para a escolha de um nome para a chamada “terceira via”. “Solicitamos que você [Bruno Araújo, presidente da legenda] respeite o estatuto do PSDB e a vontade democraticamente manifestada pela ampla maioria dos trinta mil eleitores do nosso partido”, afirmou o ex-governador de São Paulo em carta endereçada a Araújo.
“Apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias, como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes das eleições”, disse Doria na carta, que também é assinada por seu advogado.
Em reunião com os partidos que negociam um nome entre si para ser o rosto da terceira via, o PSDB se manteve favorável aos critérios de pesquisas quantitativas e qualitativas de intenções de voto. O critério traz desvantagens para Doria, que aparece nas pesquisas com 3% a 6% das intenções de voto. No lugar do ex-governador paulista, integrantes do MDB e do PSDB já começaram a ventilar a possibilidade de uma chapa com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
R$ 158 mil para o 'Zero Quatro'
Chegaram a R$ 158 mil os valores dos contratos de aluguel e reforma do escritório do filho do presidente Jair Bolsonaro, o influenciador digital Jair Renan Bolsonaro. Ele é investigado pela Polícia Federal (PL) por tráfico de influência e lavagem de dinheiro por meio de sua empresa, a Bolsonaro Jr Eventos.
A sede da empresa é o camarote 311 do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, cujo aluguel do ano inteiro de 2020 custou R$ 105.840,00, em contrato com a administradora do estádio, a Arena BSB.
Já para a reforma de seu escritório foram previstos R$ 52,5 mil, de acordo com um contrato firmado com a arquiteta responsável, Tânia Fernandes, em junho de 2020. No final, o valor caiu para R$ 9,5 mil. Ao Metrópoles, Fernandes afirmou que não tem a “mínima ideia” do valor ventilado no início. “O que foi fechado foi o valor de R$ 9,5 mil. Uma coisa foi a reforma, outra foi a estimativa. Acho que nesse primeiro contrato deveriam estar os eletroeletrônicos incluídos. As estimativas de arquitetura trazem isso. Dali em diante, o cliente escolhe o que quer fazer”, disse.
O valor de R$ 9,5 mil foi pago por Luis Felipe Belmonte, um dos articuladores na criação do partido natimorto Aliança pelo Brasil.
Carla Zambelli condenada
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi condenada por danos morais a pagar R$ 20 mil a Manno Góes, autor da música "Milla", de acordo com a decisão do juiz Érico Rodrigues Vieira, da 3ª Vara Cível de Salvador. Zambelli irá recorrer da decisão.
A parlamentar exibiu um vídeo da música em um ato pró-Bolsonaro, no ano passado. Góes, no entanto, não autorizou o uso da canção para fins políticos e notificou Zambelli antes mesmo de entrar com o processo na Justiça.
O juiz também ordenou uma indenização à editora da música, Malu Edições, mas ainda não definiu o valor. O magistrado é o mesmo, inclusive, que ordenou a remoção do vídeo do canal do Youtube da deputada, publicado em 1º de maio de 2021.
Na sentença, Vieira disse que "se trata de registro de evento voltado à manifestação de apoio à figura política, no caso, o atual presidente da República, e à defesa de pautas como a adoção do voto impresso e a realização de intervenção militar". O juiz também disse que "há de se respeitar a liberdade do autor de não querer ter a sua composição – e, consequentemente, a sua imagem – associada aos ideais nele defendidos".
Arthur do Val cassado
E a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou nesta terça-feira (17), por unanimidade, a cassação do ex-deputado Arthur do Val (União Brasil), conhecido como “Mamãe Falei”. Assim, do Val também perdeu os direitos políticos e se tornou inelegível por oito anos.
A defesa do ex-deputado chegou a pedir a suspensão do processo de cassação do mandato, pois ele já havia renunciado ao cargo em 20 de abril, depois que o Conselho de Ética aprovou a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
Em mensagens de áudio, o ex-deputado afirmou que as refugiadas ucranianas “são fáceis porque são pobres”. Na ocasião, ele estava em viagem à Ucrânia para “ir, ‘in loco’, ver o que está acontecendo”. Depois que os áudios foram divulgados, Arthur do Val também foi desfiliado do Podemos.
Gabriel Monteiro réu
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) aceitou a denúncia do Ministério Público do estado contra o vereador Gabriel Monteiro (PL), que agora se torna réu, por gravar em vídeo cenas de sexo com uma menor de idade.
De acordo com o órgão, Monteiro violou o artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por “produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente”, com pena de reclusão de quatro a oito anos e multa.
O parlamentar é conhecido por expor crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade em vídeos publicados em suas redes sociais. Sobre isso, o Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro abriu um processo de cassação de seu mandato, por quebra de decoro. Até agora, Monteiro não apresentou testemunhas em sua defesa.
Pagodeiros contra Cristófaro
Os músicos Claudinho de Oliveira (ex-Soweto), Salgadinho (ex-Katinguelê) e Leandro Lehart (Art Popular) estão convocando os fãs para uma manifestação a favor da cassação do vereador Camilo Cristófaro (Avante), na frente da Câmara Municipal de São Paulo, marcada para esta quinta-feira (19).
Em áudio vazado durante sessão na Câmara Municipal no começo do mês, Cristófaro disse a frase "é coisa de preto, né!?". A fala foi registrada durante sessão da CPI sobre a atuação de aplicativos na capital paulista. Cristófaro participava remotamente da reunião quando o áudio vazou.
“Estamos sendo ofendidos recorrentemente”, disse Salgadinho na convocação para o ato, em suas redes sociais.
Após a repercussão do caso, o PSB de São Paulo decidiu desfiliar o vereador. Integrantes da sigla se manifestaram a favor da expulsão do parlamentar nesta na Comissão de Ética do partido.
Em representação enviada à comissão, os deputados federais Marcelo Freixo (RJ), Danilo Cabral (PE) e Milton Coelho (PE) defenderam que "além de criminosa, tal conduta [de Cristófaro] afronta o programa do PSB, bem como o Estatuto e o Código de Ética do partido. Trata-se de comportamento incompatível com o decoro e a ética partidária exigida como conduta para qualquer militante, e, sobretudo, àqueles que ocupam funções públicas representando a legenda".
STF determina conclusão de investigação contra Lindbergh
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, nesta terça-feira (17), que a Justiça Eleitoral encerre em até 120 dias a investigação contra o ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ) por suposto recebimento de recursos não declarados.
O caso foi aberto ainda em 2019 na Justiça Federal em Nova Iguaçu (RJ) e depois passou a tramitar na Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro. No colegiado, o julgamento, no entanto, foi suspenso. Retomado nesta terça-feira (17), decidiu-se pela conclusão das investigações. Caso contrário, o processo será automaticamente arquivado.
Em 2017, dois delatores ligados à Odebrecht afirmaram que Lindbergh teria recebido R$ 4,5 milhões indevidamente para as campanhas eleitorais de 2008 e 2010 para a Prefeitura de Nova Iguaçu.
Edição: Felipe Mendes