A Caoa Chery vai demitir 485 dos 627 dos funcionários (quase 80%) da fábrica de Jacareí, no interior paulista, oferecendo um “pacote” de indenizações adicionais. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, a empresa está descumprindo acordo que previa implementação de lay-off (suspensão dos contratos) até o fim do ano, além de um período de estabilidade.
Na última quarta-feira (18), trabalhadores fizeram protesto diante da Assembleia Legislativa de São Paulo, onde era realizada audiência pública sobre desindustrialização no estado. Durante o evento, os sindicalistas falaram sobre a quebra do acordo, afirmando que a montadora havia assinado uma ata após reunião no último dia 10.
“A Caoa Chery, assim que começou a pandemia, foi uma das empresas que mais cresceram. Indo na contramão de todas montadoras, que estavam parando por falta de semicondutores, a empresa era a que mais estava vendendo no momento. Agora, ela deu um golpe na gente. Foi uma traição aos trabalhadores”, afirmou o diretor do sindicato Anderson Elias Xavier, o Costelinha, funcionário da empresa.
À mercê das empresas
“Não é só salário, não é só plano de saúde, não tem a ver só com renda, tem a ver com a vida das pessoas. Se o poder público não impõe regras para que os empresários cumpram a função social da propriedade privada, os trabalhadores ficam à mercê de qualquer decisão das direções das empresas”, acrescentou Guirá Borba, também diretor e trabalhador na Caoa Chery.
A empresa informou que não aceitou o lay-off porque não há previsão de retomada da produção no curto prazo. O objetivo é manter a unidade de Jacareí fechada até 2025, preparando a fábrica para a produção de modelos híbridos e elétricos.
Artigo original publicado em Rede Brasil Atual.