As famílias brasileiras têm se deparado com um cenário comum nos últimos meses nos mercados: os alimentos estão cada vez mais caros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no mês de abril deste ano de 2022, os preços dos alimentos para consumo no domicílio tiveram alta de 2,59%.
Itens importantes da cesta do consumidor tiveram altas significativas nos preços, como o óleo de soja (8,24%), a batata-inglesa (18,28%) e o tomate (10,18%). Diante dos preços altos, as pessoas têm optado por substituir alimentos de grande importância nutricional por outros mais baratos e de qualidade inferior.
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A estudante e dona de casa, Cristiane Germano, é moradora do Complexo da Penha, e além de ter um filho pequeno, é voluntária em um projeto que arrecada alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social. Ela conta em entrevista ao programa Central do Brasil, uma parceria do Brasil de Fato com a rede TVT, que com os preços tão altos não pode escolher o que é melhor para as refeições e compra apenas o que o dinheiro permite.
“Hoje você compra um quilo de açúcar por R$ 5, amanhã se você for comprar esse mesmo quilo de açúcar já está R$ 6 a R$ 8. Então, a gente teve que substituir muita coisa, e caiu muito de qualidade porque o mais barato que a gente compra é o pior. E a gente ainda tem que ir em três, quatro mercados e nunca pode comprar em um só”, diz Germano.
Maria do Rosário é membro da diretoria do Sindicato dos Comerciários do Rio (SEC-RJ) e operadora de caixa de uma grande rede de supermercados, na zona oeste do Rio, e relata que nunca viu o estabelecimento tão vazio, mesmo em época de promoções.
“Tem muita gente que troca a carne pelo ovo, às vezes troca a carne pelo frango, e estão deixando muita devolução. Antigamente com R$ 500, R$ 600 você saia com três ou quatro carrinhos. Hoje com esse mesmo valor você só consegue sair com um carrinho [de compras]”, destaca a operadora de caixa.
Além de afetar o bolso dos consumidores, a alta dos preços dos alimentos pode prejudicar a saúde das pessoas.
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A nutricionista e doutora em saúde coletiva, Kelly Alves, adverte que substituições de alimentos importantes para compor a nutrição necessária nas refeições diárias das famílias por outros que possuem qualidade nutricional inferior, como processados e ultraprocessados, trazem consequências de curto e de longo prazo para a saúde.
“A composição desses produtos é prejudicial a saúde porque aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, a insuficiência cardíaca, o diabetes, as dislipidemias, a própria obesidade e até alguns tipos de câncer”, finaliza.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse