Os pré-candidatos a presidente e vice Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) participaram nesta segunda-feira (23) de reunião com lideranças do PV, PCdoB, Rede, Psol e Solidariedade. O objetivo do encontro foi avaliar pesquisas, possibilidades de alianças e da formação de uma frente ampliada para derrotar Jair Bolsonaro em outubro. O diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, participou do encontro.
Lula destacou o encontro inédito de representantes das sete legendas que estão juntas para a eleição, considerada como a mais importante desde a redemocratização do país. Em nenhuma outra eleição, avaliou o ex-presidente, ele teve o conjunto de partidos com os quais está se sentando à mesa no momento, em busca de uma construção coletiva. A avaliação é de que as pesquisas mostram estabilidade e consolidação do perfil de quem vota em Lula e Bolsonaro. Desse modo, configura-se, segundo a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, algo novo em relação à eleições anteriores.
Apesar do cenário de estabilidade, ao lado de dirigentes das outras legendas, Gleisi afirmou a jornalistas que todos sabem que batalha será “dura”. “Sabemos como o outro lado joga com fake news, violência e tentativa de mudar de foco sobre o essencial”, disse, em entrevista coletiva. E o essencial, segundo todas as pesquisas, é o fracasso da condução da economia, com desemprego, inflação, volta da miséria e agravamento das desiguladades.
Para fazer frente à estratégia bolsonarista, Gleisi disse que a resposta é “estar atentos e alertar a população de que tudo que vem de Bolsonaro é mentira”. “Espero que as instituições tomem medidas firmes (sobre fake news). Queremos falar com TSE sobre Telegram. Vão ter regras ou vai ser terra de ninguém? Vai poder falar o que quiser e como quiser?”
Ampliar a unidade
“Porque tem um momento em que nós somos vítimas, mas depois as vitimas passam a ser as instituições, como estão sendo o TSE e o STF. Então eles também têm responsabilidade”, acrescentou. A presidenta do PT lembrou que o TSE já se reuniu com WhatsApp, que melhorou a questão de divulgação de informações falsas. “Mas com o Telegram não tem. Nos preocupa”.
Segundo ela, os dirigentes discutiram a unidade e a ampliação do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, em busca de partidos e lideranças dispostos a trabalhar pela “democracia contra o autoritarismo, civilidade contra incivilidade”.
Gleisi também falou sobre economia e admitiu que o grupo tem conversado com “todos os (economistas) que estão pensando mais ou menos como a gente na retomada do desenvolvimento”. Entre esses, inclusive, Persio Arida e André Lara Resende, “responsáveis pelo embrião do Plano Real”.
Avante, Pros, MDB e PSD
Os partidos com os quais a frente procura diálogo mais imediato são Avante, Pros, PSD e MDB. “Com o PSD é com Kassab diretamente”, esclareceu a petista. A deputada reconheceu ser difícil um acordo com o PSD já para o primeiro turno devido à “dinâmica nos estados”, termo usado por Gilberto Kassab. “Com o MDB é o mesmo problema”, embora esse partido, no Nordeste, tenha “muita simpatia pela candidatura de Lula”. “Mas o MDB tem candidata, a senadora Simone Tebet, que a gente respeita”, ressalvou. Sobre a saída de João Doria da disputa, anunciada pouco antes, ela respondeu que não lhe cabe avaliar.
Gleisi também foi perguntada sobre Ciro Gomes. “Temos de respeitar a candidatura. Não é verdade que estamos pressionando o PDT. Claro que queríamos ter o PDT nesse campo, pelas posições semelhantes, mas respeitamos.”
Segundo a deputada, os representantes dos partidos que declaram apoio à chapa PT-PSB não chegaram a considerar os números de Ciro Gomes nas pesquisas, tampouco cenários sem o pedetista.
Pelos partidos, participaram do encontro, além de Lula e Alckmin, Paula Coradi (da executiva do Psol), Paulinho da Força (presidente do Solidariedade), Luciana Santos (presidente do PCdoB), Gleisi (PT), Carlos Siqueira (presidente do PSB), Wesley Diógenes (porta-voz da Rede) e José Luiz Penna (presidente do PV).