Durante os 580 dias em que esteve preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu presentes como livros, revistas, poemas, cordéis, fotografias, desenhos, roupas e até cobertores para espantar o frio da capital paranaense. E também não faltou conforto pelas palavras. Cerca de 25 mil cartas foram endereçadas a ele nesse período. E algumas delas estão em Querido Lula: cartas a um presidente na prisão, livro que está sendo lançado nesta terça (31) em evento São Paulo. Acompanhe abaixo a transmissão ao vivo:
O próprio Lula esteve no "lançamento-espetáculo", reuniu grandes nomes da cultura brasileira, como Denise Fraga, Camila Pitanga, Zélia Duncan e Cleo. O encontro com música ao vivo começou às 19h no Teatro Tuca (Rua Monte Alegre, 1024, São Paulo SP) e teve os ingressos esgotados antecipadamente.
O roteiro da apresentação desta terça foi construído a partir de algumas das cartas que Lula recebeu, vindas de pessoas do Brasil e do exterior. Na maior parte das vezes foram escritas por pessoas pobres, até mesmo ditadas e assinadas apenas com as digitais. Algumas das pessoas que estarão na apresentação lerão as próprias cartas enviadas na época.
O livro
"Não há, até onde sabemos, nenhum movimento equivalente na história, ao menos na mesma escala. O que se registra aqui é um movimento inverso em relação às tradicionais cartas do cárcere, escritas por líderes encarcerados para o público", afirma a organizadora da obra, a historiadora francesa Maud Chirio, professora e pesquisadora na Universidade Gustave Eiffel, França, onde Querido Lula foi publicado este ano.
Chirio se impressionou com o volume de cartas acumuladas em sacolas e caixas no Instituto Lula e voluntariou-se para catalogar e digitalizar o material. Junto com sua equipe de sete profissionais, decidiu dar mais luz àquelas vozes, que muitas vezes não são ouvidas.
Querido Lula apresenta 46 cartas recebidas pelo ex-presidente e selecionadas pela equipe. O livro ainda traz fotografias das cartas e dos objetos enviados, com demonstrações de solidariedade, amor e esperança.
"A carta, na esmagadora maioria das vezes, é fruto de um esforço intelectual e artesanal que não mira o abstrato de uma legião de pessoas. Seu foco é um único coração, que precisa não somente daquela informação naquele momento, mas, além disso, precisa daquela manifestação", destaca o rapper e compositor Emicida no prefácio da obra.
O livro, publicado pela editora Boitempo, tem coordenação de Maud Chirio, com colaboração de Ernesto Bohoslavsky, Luciana Heymann, Ana Lagüéns, Angela Moreira, Benito Schmidt e Adrianna Setemy.
Edição: Rodrigo Durão Coelho