Após semanas de negociações, a União Europeia alcançou consenso para implantar uma sexta de rodada de sanções contra a Rússia que inclui a suspensão da compra de petróleo de Moscou por navios e a expulsão do sistema internacional de pagamentos SWIFT do banco russo Sberbank.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que a medida cortará 90% das importações de petróleo russo até o fim de 2022 e que a Rússia é um fornecedor "não confiável", além de prometer um "massivo investimento em energias renováveis".
Todos os 27 países do bloco europeu precisam concordar com as sanções e o bloqueio ao combustível russo causa discórdia por conta de sua importância para a economia da região. O assunto é ainda mais sensível em alguns países do leste europeu. Em novembro de 2021, Lituânia (83%), Finlândia (80%) e Eslováquia (74%) precisaram dos russos para abastecer parcelas consideráveis de seus mercados. Os dados são da Agência Internacional de Energia.
Boa parte do consumo energético europeu é atendido pelo oleoduto de Druzhba, que parte da Rússia com combustível extraído na Sibéria, nos Urais e no Mar Cáspio. Este oleoduto terá uma "exceção temporária" das sanções, destaca a Comissão Europeia em comunicado, mas não estabelece um prazo para o fim dessa exceção. O bloco europeu toma as medidas em represália pela guerra na Ucrânia.
"Este é um passo importante. Voltaremos em breve à questão dos 10% restantes do petróleo via oleoduto", destacou Von der Leyen.
Em 2020, Rússia (29%), Estados Unidos (9%), Noruega (8%), Arábia Saudita e Reino Unido (ambos 7%), bem como Cazaquistão e Nigéria (ambos 6%) foram os principais fornecedores de petróleo ao bloco europeu. De acordo com a S&P, 60% das importações de diesel da Europa vem da Rússia.
Ainda de acordo com a S&P, a sanção europeia deve causar uma "grande reviravolta no comércio global de petróleo" e a China e Índia têm aumentado suas compras de petróleo russo, tomando vantagem de preços com desconto.
Inflação e corte da venda de gás
A companhia russa Gazprom anunciou nesta terça-feira (31) ter interrompido totalmente o fornecimento de gás natural para a Holanda. A medida foi tomada porque os holandeses não pagaram o consumo do combustível em rublos, conforme demandado pela Rússia. Polônia, Bulgária e Finlândia também tiveram suas importações de gás russo cortadas por Moscou.
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A inflação na zona do Euro, a moeda comum da União Europeia, nunca esteve tão alta. Em maio deste ano, os preços do Índice de Preços ao Consumidor compilados pelo bloco registraram alta de 8,1% na comparação com o mesmo mês de 2021. É o índice mais alto desde que os dados começaram a ser coletados em 1997.
O preço da energia puxou a subida do índice: aumento de 39,2%, seguido por reajustes nas seguintes categorias: alimentação, álcool e tabaco (7,5 %), bens industriais não energéticos (4,2%) e serviços (3,5 %).
* Com informações da DW.
Edição: Arturo Hartmann