A Uneafro Brasil e o Instituto de Referência Negra Peregum entraram com uma denúncia-crime no Ministério Público do Estado do Paraná contra o proprietário da empresa de cursos preparatórios para carreiras policiais Alfacon, Evandro Bittencourt Guedes. O documento pede o fechamento da escola e a investigação dos crimes de racismo e incitação ao crime.
A Alfacon ganhou notoriedade após o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba (SE). Ele morreu após ser torturado em uma câmara de gás montada por policiais rodoviários federais no porta-malas de uma viatura.
Após o crime, diversos vídeos dos cursos da empresa, que incitavam a tortura de pessoas detidas, repercutiram na internet. Uma das “técnicas” ensinadas é a mesma aplicada em Genivaldo.
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No Twitter, Douglas Belchior, da Uneafro Brasil, diz que a entidade pediu o fechamento do curso para “fechar essa fábrica de psicopatas Bolsonaristas”.
Eu já havia anunciado aqui, que tomaríamos medidas contra a AlfaCon. Hoje, pedimos o fechamento da empresa. Temos que fechar essa fábrica de psicopatas Bolsonaristas.https://t.co/nnsA5eVRBH
— Douglas Belchior (@negrobelchior) May 31, 2022
A denúncia traz a transcrição de um dos vídeos que trazem a incitação de tortura:
“Nesse interim que a gente ficou lavando procedimento e ele estava na parte de trás da viatura ele ainda tentou quebrar o vidro, o que a polícia faz, abre um pouquinho, pega o spray de pimenta, foda-se é bom pra caralho, a pessoa fica mansinha, de repente só escuto “ah eu vou morrer, eu vou morrer”, ai fiquei com pena abri de novo e disse “torturaaaa” e fechei de novo”.
Acusações antigas
Essa não é a primeira denúncia contra a empresa. Após denúncias semelhantes em 2020, a bancada federal do PSOL protocolou uma representação no Ministério Público do Estado de São Paulo requisitando informações ao MP sobre o andamento das investigações relacionadas aos instrutores do Alfacon sobre os mesmos crimes. A representação não recebeu resposta do MP-SP.
Por conta da morte de Genivaldo, a Liderança do PSOL na Câmara protocolou nesta terça-feira um aditamento à denúncia, pedindo à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) que o MPSP abra investigação. O aditamento também solicita que a PFDC determine a investigação pelo Ministério Público Federal, considerando os agentes públicos federais envolvidos.
Edição: Vivian Virissimo