A identificação com o espectro ideológico de esquerda cresceu entre os brasileiros e atinge agora 49%, segundo apontou uma pesquisa do instituto Datafolha publicada neste sábado (04). Outros 34% se identificam com a direita, e 17% têm ideias próximas ao centro.
O percentual referente à esquerda é o mais alto desde que o Datafolha começou a realizar a pesquisa, em 2013. Naquele ano, 41% foram classificados como tendo perfil ideológico de esquerda, e 39%, de direita.
O último levantamento, feito em 2017, um ano antes da eleição do presidente Jair Bolsonaro, também apontava uma divisão mais equilibrada entre esquerda (41%) e direita (40%), enquanto hoje quase metade da população se identifica com a primeira opção.
Para a pesquisa, o Datafolha questionou o público sobre uma série de questões envolvendo valores sociais, políticos, culturais e econômicos, como criminalidade, migração, drogas, armas, homossexualidade e impostos.
Com base nas respostas, os entrevistados são então segmentados entre esquerda (que somou 17% da população), centro-esquerda (32%), centro (17%), centro-direita (24%) e direita (9%).
O instituto considera o perfil ideológico de esquerda como a soma de esquerda e centro-esquerda, e o de direita, a soma de centro-direita e direita.
Segundo o Datafolha, a porcentagem dos que se identificam com a direita diminuiu principalmente devido a um maior apoio dos brasileiros a posições no campo de comportamento e de valores, como a defesa dos direitos humanos.
Questionados sobre a pena de morte, por exemplo, 61% dos entrevistados responderam que não cabe à Justiça matar uma pessoa, independentemente do crime, enquanto 36% disseram que a pena de morte é a melhor punição para indivíduos que cometeram crimes graves. Esses percentuais eram de 49% e 47% em 2013, respectivamente.
Já em relação à orientação sexual, 79% afirmaram que a homossexualidade deve ser aceita por toda a sociedade, um aumento de 13 pontos percentuais desde 2013, e 16% disseram que ela deve ser desencorajada, ante os 25% de nove anos atrás.
Outra pergunta feita pelo Datafolha foi sobre a migração de pobres: 76% disseram concordar que pessoas pobres de outros países e estados que vêm trabalhar na sua cidade contribuem com o desenvolvimento e a cultura locais. Esse percentual era de 67% em 2013. Outros 19% responderam que esses migrantes acabam criando problemas para a cidade, uma queda de seis pontos percentuais ante 2013.
O levantamento ouviu 2.556 pessoas com mais de 16 anos em 181 cidades do país nos dias 25 e 26 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.