BRUNO E DOM PHILIPS

No 3º dia de buscas frustradas, força-tarefa diz não ter pistas de indigenista e jornalista

Autoridades convocam coletiva e exibem imagens de helicópteros; Justiça determinou uso de aeronaves no Vale do Javari

Brasil de Fato | Lábrea (AM) |

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"Não descartamos nenhuma linha investigativa", diz superintendente da PF no Amazonas - Divulgação

A Polícia Federal (PF) afirmou que não tem pistas concretas do paradeiro do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, desaparecidos desde o domingo (5) no Vale do Javari (AM). A informação foi apresentada em entrevista coletiva concedida no final da tarde de hoje (8) em Manaus.

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, afirmou que helicópteros são utilizados nas buscas desde ontem (7). A ausência das aeronaves, consideradas cruciais para o sucesso da operação, é denunciada por organizações indígenas e indigenistas desde o desaparecimento. 

Fontes disse que investiga a relação entre o sumiço da dupla e o tráfico de drogas. "Vamos apurar eventual homicídio, caso tenha ocorrido. Não descartamos nenhuma linha investigativa. Até o momento a gente fala em desaparecimento", declarou.

:: "Não vemos interesse do Estado em encontrar Bruno e Dom Philips", dizem indígenas do Javari ::

Além da PF, a coletiva contou com a participação de representantes do Exército, Marinha, Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.

Na coletiva, a PF exibiu em um telão imagens aéreas gravadas de dentro de helicópteros que sobrevoaram a região. Mais cedo, nesta quarta-feira (8), a Justiça Federal havia determinado que as aeronaves fossem utilizadas na operação.

"O cerne da questão é a omissão do dever de fiscalizar as terras indígenas e proteger os povos indígenas isolados e de recente contato", escreveu na sentença a juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe. A ação foi protocolada pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), junto com a Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério Público Federal (MPF). 

SSP-AM se contradiz sobre prisão de suspeito 

Na manhã desta quarta-feira (8), a Polícia Militar (PM) do Amazonas divulgou ter prendido um homem de 41 anos, conhecido como "Pelado", por suspeita de envolvimento no desaparecimento. Na coletiva, porém, o secretário de Segurança Pública do Amazonas declarou que o homem não tem "nada a ver" com o desaparecimento. 

"A investigação ouviu seis pessoas, cinco como testemunhas e um como suspeito. Esse suspeito, por enquanto, não tem nada a ver ainda - está em investigação. Não fizemos a ligação dele com o desaparecimento", disse o chefe da SSP-AM, general Carlos Alberto Mansur.

Segundo a PM, "Pelado" foi detido com munição controlada de rifle 762, além de um cartucho calibre 16 e balas de 16 chumbinho. Ele também portava uma substância parecida com cocaína, mas que não passou por testes.

Ao Brasil de Fato, um indígena que acompanha Bruno Pereira frequentemente em outras ações de fiscalização afirma que “Pelado” ameaçou a dupla um dia antes do desaparecimento. “Eles [‘Pelado’ e outro pescador] levantam duas armas dizendo para os indígenas: ‘vocês vão levar tiros’”, relatou sob anonimato. 

Protestos

Em Los Angeles (EUA), dois caminhões circularam nesta quarta-feira (8) exibindo a pergunta “onde estão Dom Phillips e Bruno Pereira", além da mensagem "Fora Bolsonaro". O presidente, que busca estreitar relações com Joe Biden, desembarcará amanhã (9) na cidade norte-americana, onde participará da Cúpula das Américas.

Uma vigília foi montada na noite de terça-feira (7) em frente à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília. A iniciativa da Associação Indigenistas Associados (INA), entidade de servidores da Funai, foi convocada para cobrar ações efetivas na elucidação do caso. 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho