Começou na última quinta-feira (9), a segunda edição da Mostra de Teatro Afro Cena que visa valorizar a cultura afro-brasileira com espetáculos teatrais, oficinas, dança, shows e exibições filmográficas. As atividades serão realizadas até o domingo (12), no município de Cavalcante (GO), região da Chapada dos Veadeiros.
Cavalcante é uma das cidades que abriga o maior território quilombola do Brasil, a comunidade Kalunga. "O Afro Cena é um convite para refletir a localidade por meio das artes negras potencializando toda ancestralidade da cultura afro-brasileira e local, além das possibilidades de construções coletivas de conhecimento com arte e poesia”, diz Edymara Diniz, realizadora e idealizadora do evento, que teve sua primeira edição em 2018.
A Mostra oferece programação inteiramente gratuita com a apresentação de fazeres e saberes da cultura afro. Haverá oficinas como a "Performance Negra" do Bando de Teatro Olodum, rodas de conversa sobre o protagonismo da negritude nas artes, mostra audiovisual de filmes produzidos por cineastas negros, espetáculos de teatro e dança na temática racial e ainda o show-cortejo do grupo Afoxé Ogum Pá que traz ao público a cultura das religiões de matriz africana.
A abertura da Mostra acontece às 18 horas, na Praça Diogo Telles Cavalcante e tem como tema "Teatro e Ancestralidade: Arte Negra e Produção Cultural como Cosmologia Político Poética". Às 19 horas inicia a Mostra Audiovisual Afrocena/Terra em Cena com apresentação dos filmes Flor de Moinho, Oficina de Adobe Kalunga e Grupo de Sussa Flores e Frutos do Quilombo Kalunga.
"Eu fico muito provocado enquanto existência, pensamento artístico e cidadão de poder estar numa iniciativa como essa mostra. Primeiro porque passamos a conviver e nos rodear de artistas pretos com diferentes trabalhos e perspectivas mostrando a nossa diversidade. Depois porque a possibilidade de presenciar esses trabalhos, subjetividades e afetos é construir redes de troca. Também é desenvolver novas identidades que nos são negadas o tempo inteiro. É uma forma de nos desfazer desse trauma histórico a que fomos submetidos", pontua o ator, diretor e dramaturgo Jonathan de Andrade, que assina a coordenação de produção artística da Mostra.
Cultura negra
Para Andrade a produção cultural negra é também atravessada pelo racismo, pois o mercado de trabalho foca em indivíduos que têm estéticas, propostas e poéticas embranquecidas ou brancas.
"Temos uma normativa de mercado que é bastante delicada e violenta para artistas pretos. A gente precisa se comprimir, se estreitar e lutar muito para poder ter a arte da gente tirada desse lugar menor, inferiorizado e precarizado intelectualmente. Estamos muitas vezes servindo a produções que nos colocam como cotas ou nos acresce como temáticas para a aprovação de um projeto, ou ainda como a comprovação que há ali uma discussão sobre nós. Existe uma ignorância muito profunda que agrava nossa existência como artista", pontua.
Confira a programação de sábado e domingo:
Dia 11 - sábado
Local: Polo Presencial UAB de Cavalcante
8h30 | Oficina
Performance Negra (Bando de Teatro Olodum)
14h | Oficina
Escrita Criativa (Cristiane Sobral)
Local: Praça Diogo Telles Cavalcante
21h | Espetáculo
Esperando Zumbi (Cristiane Sobral)
22h30 | Show Cortejo
Afoxé Ogum Pá
Dia 12 - domingo
Local: Ginga Bistrô
9h30 | Roda de Conversa
O Ensino do Teatro em Comunidades Negras Rurais: Cidade, Acessibilidade, Representatividade e (d)Eficiências (Edymara Diniz e Jonathan Andrade)
14h | Roda de Conversa
Teatro Negro e Ancestralidade: Entre Áfricas e Brasis (Edymara Diniz e Jonathan Andrade)
Local: Praça Diogo Telles Cavalcante
20h | Espetáculo
O Dia Em Que Explodiu Mabata Bata (Cia. Trotamundus de Teatro)
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Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino